Destaque

Cientistas identificam, no sangue de pacientes com malária, moléculas associadas ao risco de recaída

Fonte

Agência FAPESP

Data

terça-feira. 18 junho 2024 17:35

A forma mais comum de malária no Brasil é a causada pelo parasita Plasmodium vivax. Embora a espécie provoque um quadro mais brando em comparação à P. falciparum, ela possui uma característica que torna o controle da doença muito difícil: a capacidade de produzir formas dormentes do protozoário no fígado do hospedeiro que podem ser reativadas meses após o término do tratamento. De acordo com a literatura científica, esse fenômeno, denominado recorrência ou recaída, pode ser responsável por aproximadamente 90% dos casos no país.

Em artigo publicado na revista Scientific Reports, pesquisadores brasileiros descreveram, pela primeira vez, possíveis biomarcadores associados à recorrência da malária vivax. Financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), a pesquisa fornece informações relevantes sobre potenciais alvos para o desenvolvimento de antimaláricos e possíveis marcadores relacionados ao risco de recaída.

Para identificar esses biomarcadores, pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e da Universidade Federal de Goiás (UFG) analisaram o plasma sanguíneo de 51 pacientes amazônicos com malária vivax recorrente e de 59 não recorrente (que estavam ainda no primeiro episódio da doença). As amostras foram analisadas por meio de metabolômica não direcionada, técnica que avalia todo o conjunto de metabólitos presente na amostra. O objetivo foi compreender como o metabolismo dos voluntários foi afetado durante esses dois momentos da infecção.

Os pacientes foram acompanhados por 180 dias e, majoritariamente, apareceram com o ‘novo’ episódio entre 40 e 60 dias após o episódio inicial. A análise com espectrometria de massa (equipamento que identifica compostos com base na massa molecular) revelou 52 e 37 metabólitos significativos nos participantes recorrentes e não recorrentes, respectivamente.

“No momento em que o paciente chega com o episódio inicial de malária, há uma superexpressão de metabólitos, situação que muda completamente nos episódios de recorrência, caracterizada pelo maior número de metabólitos diminuídos”, relata à Agência FAPESP a Dra. Jessica R. S. Alves, pesquisadora do Instituto de Biologia da Unicamp e uma das autoras do trabalho.

“Além disso, entre os pacientes com recorrência, observamos uma modulação principalmente em vias lipídicas envolvidas na produção de prostaglandina e leucotrienos – moléculas envolvidas na resposta imune do hospedeiro. Já o grupo que estava no primeiro episódio foi caracterizado por alterações no metabolismo do triptofano e da vitamina B6 [piridoxina], que já foram descritos na literatura científica como importantes nutrientes do hospedeiro utilizados pelo parasita para se desenvolver.”

Os pesquisadores realizaram ainda uma análise de dados mais aprofundada, que revelou o enriquecimento de outras vias metabólicas para o fenótipo da malária recorrente, incluindo substâncias como butanoato, aspartato, asparagina e N-glicano.

“Todos esses marcadores podem sugerir vias com associação à recorrência e podem, no futuro, ser usados para caracterizá-la”, disse a Dra. Gisely Cardoso de Melo, pesquisadora da UEA que também assina o estudo.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Agência FAPESP.

Fonte: Julia Moióli, Agência FAPESP.

Em suas publicações, o Canal Farma da Rede T4H tem o único objetivo de divulgação científica, tecnológica ou de informações comerciais para disseminar conhecimento. Nenhuma publicação do Canal Farma tem o objetivo de aconselhamento, diagnóstico, tratamento médico ou de substituição de qualquer profissional da área da saúde. Consulte sempre um profissional de saúde qualificado para a devida orientação, medicação ou tratamento, que seja compatível com suas necessidades específicas.

Os comentários constituem um espaço importante para a livre manifestação dos usuários, desde que cadastrados no Canal Farma e que respeitem os Termos e Condições de Uso. Portanto, cada comentário é de responsabilidade exclusiva do usuário que o assina, não representando a opinião do Canal Farma, que pode retirar, sem prévio aviso, comentários postados que não estejam de acordo com estas regras.

Leia também

2025 farma t4h | Notícias, Conteúdos e Rede Profissional nas áreas de Ciências Biológicas, Biomédicas e Farmacêuticas, Saúde e Tecnologias 

Entre em Contato

Enviando

Fazer login com suas credenciais

ou    

Esqueceu sua senha?

Create Account