Notícia

Molécula encontrada em tubarões protege enzima do colesterol

Fonte

Universidade de Nova Gales do Sul

Data

domingo, 22 março 2020 12:45

Áreas

Bioquímica. Biotecnologia. Desenvolvimento de Fármacos. Farmacologia.

Uma equipe de cientistas demostrou que uma enzima chave na síntese do colesterol – a esqualeno monoxigenase (SM) – é controlada pelos níveis de sua molécula alvo, o esqualeno. Os resultados, publicados na revista científica PNAS, têm implicações no desenvolvimento de medicamentos para baixar o colesterol.

O Dr. Andrew Brown, professor da Universidade de Nova Gales do Sul, na Austrália, e coautor do artigo,  diz que o esqualeno é abundante em nossa pele e é frequentemente usado como ingrediente de produtos cosméticos.

O esqualeno deve seu nome ao Squalus, um tipo de tubarão que – como todos os tubarões – precisa do fígado enriquecido com esqualeno. De fato, o esqualeno foi isolado pela primeira vez do óleo de fígado de tubarão em 1916 por pesquisadores japoneses. Hoje, é obtido de fontes vegetais e também sinteticamente – por exemplo, altos níveis de esqualeno são encontrados no azeite.

“No artigo, mostramos em culturas celulares que, quando os níveis de esqualeno aumentam, ele interage com a esqualeno monoxigenase e a protege de ser  destruída. Isso garante a disponibilidade de enzimas suficientes para converter eficientemente o excesso de esqualeno em colesterol.  Essa é uma descoberta importante, porque é essencial entender os fatores que controlam a taxa de destruição da SM, para possibilitar o desenvolvimento de drogas direcionadas a essa enzima e sua atividade em doenças cardiovasculares e câncer”, afirmou o professor Brown.

Potencial para desenvolvimento de medicamentos

A esqualeno monoxigenase desempenha um papel importante na produção de colesterol. Por quase 20 anos, foi proposto que a enzima fosse pesquisada como outro alvo de drogas para diminuir o colesterol, e este estudo de pesquisadores australianos acrescenta outra peça neste quebra-cabeça.

Embora o colesterol seja um componente essencial das membranas que envolvem todas as nossas células, ele também tem ligações bem estabelecidas com doenças cardiovasculares e, nos últimos anos, com o aparecimento de câncer. A superatividade da esqualeno monoxigenase em si pode promover o crescimento de alguns tipos de células cancerígenas, e o excesso de esqualeno pode permitir essa superatividade, protegendo a SM da destruição.

“Nossos resultados mostram que, ao ligar o esqualeno, a SM pode detectar os níveis celulares de esqualeno e ajustar sua atividade. Saber como regular a SM pode, portanto, oferecer uma nova maneira de controlar sua abundância e também ajudar a diminuir os níveis de colesterol”, disse o professor Brown.

O laboratório do professor Brown mostrou anteriormente que um acúmulo de colesterol celular leva à destruição da SM, ajudando a interromper a síntese de colesterol quando não é necessário. “Agora, descobrimos que um acúmulo de esqualeno tem o efeito oposto – proteger a SM da destruição. Parece que os níveis dessa importante enzima são controlados por um cabo de guerra entre o precursor e as moléculas do produto”, concluiu o professor Brown.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade de Nova Gales do Sul (em inglês).

Fonte: Isabelle Dubach, Universidade de Nova Gales do Sul. Imagem: David Clode, Unsplash.

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