Destaque
Pesquisadores testam medicamento de Alzheimer como estratégia terapêutica para Chikungunya
Fonte
Portal Comunica UFU | Universidade Federal de Uberlândia
Data
quinta-feira. 11 fevereiro 2021 06:35
A febre Chikungunya é uma doença endêmica em países tropicais e sub-tropicais causada pelo vírus Chikungunya (CHIKV) que apresenta, em sua fase aguda, sintomas similares aos da dengue, como febre e dores no corpo. Além disso, ela pode progredir a condições crônicas com possibilidade de durar de meses a anos.
Considerando os problemas causados pelo CHIKV e o fato de, até o momento, não haver vacina ou tratamento eficaz para combater esse vírus, pesquisadores da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade de Araraquara (Uniara) estão explorando a possibilidade de se reposicionar um fármaco utilizado no tratamento de Alzheimer, o hidrocloreto de memantina, para combater o CHIKV.
Os estudos ainda estão em progresso, mas os resultados já obtidos nos testes in vitro ― primeiro passo capaz de apontar a eventual atividade de um composto ― animaram os cientistas. Esses resultados parciais foram recentemente publicados na revista científica Pharmacological Reports.
A doença de Alzheimer causa a degeneração do sistema nervoso do paciente, acarretando a perda da memória e da função mental. Na Chikungunya, transmitida pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus, os sintomas são distintos: febre, manchas vermelhas na pele, fadiga e dor nas costas, cabeça e articulações.
A semelhança, no entanto, é explicada pelo Dr. Fernando Bergamini, professor do Instituto de Química da UFU e integrante do grupo que desenvolve a pesquisa. “Em termos sintomáticos, não há relação entre a doença de Alzheimer e CHIKV. Entretanto, ambas as doenças dependem de um canal de prótons chamado de M2. Para o caso do vírus, esse canal está relacionado com o ‘desnudamento’, isto é, com liberação do material genético do vírus na célula, para que haja a replicação [multiplicação do vírus]. Quando se inibe este canal de prótons (M2), se inibe a replicação viral. Para o Alzheimer, a regulação dos canais iônicos como M2 também são essenciais para o controle da progressão da doença”, resumiu o pesquisador.
O Dr. Fernando Bergamini lembrou que os compostos aminoadamantoides foram desenvolvidos para serem aplicados como antivirais. E que, por conseguirem a inibição do canal de prótons M2, foram reposicionados para o tratamento da doença de Alzheimer.
“Agora, exploramos o caminho contrário, avaliando um fármaco aminoadamantoide, como a memantina, desenvolvido para AD, como fármaco antiviral frente ao CHIKV”, acrescentou o pesquisador.
Cientistas pesquisam o cloridrato de memantina especialmente em doenças degenerativas e infecções virais. Em pesquisas recentes, inclusive, verificaram que a substância conseguiu inibir o SARS-CoV-2 (o novo coronavírus) em algumas concentrações.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa no Portal Comunica UFU.
Fonte: Marco Cavalcanti, Portal Comunica UFU.
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