Notícia
Pesquisadores conectam uma patologia comum da esclerose lateral amiotrófica a um dos fatores de risco genético
Pesquisadores de Stanford ligaram um gene específico conhecido por estar associado à ELA com uma característica da doença, abrindo caminhos para terapia direcionada
Paul Sakuma, Universidade Stanford
Fonte
Universidade Stanford
Data
quarta-feira, 2 março 2022 14:05
Áreas
Biologia. Biomedicina. Genética. Genoma. Medicina de Precisão. Neurociências.
Cientistas que estudam a esclerose lateral amiotrófica (ELA) sabem que existem certas características reveladoras da doença e, ocasionalmente, encontram genes suspeitos que parecem estar ligados ao desenvolvimento da ELA – mas os dois conhecimentos raramente se alinham.
Agora, um estudo liderado por pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade Stanford e da Clínica Mayo, nos Estados Unidos, confirmou uma conexão entre a característica molecular mais proeminente da ELA, um tipo de agregado de proteína no cérebro, e um gene que há muito se acredita contribuir para a doença.
“Sabemos que em cerca de 98% dos casos de ELA, essa agregação de proteína errônea se forma. E estudos genéticos anteriores mostram que há um gene, o UNC13A, que está obviamente conectado à ELA. Está no radar de todos, mas ninguém sabe como isso contribui para a doença. Essa descoberta conecta os dois – a patologia mais comum com um dos fatores de risco genéticos mais comuns”, disse o Dr. Aaron Gitler, professor de Genética da Escola de Medicina de Stanford.
A ELA, também conhecida como doença de Lou Gehrig, é uma condição neurodegenerativa que degrada a função das células nervosas e rouba os movimentos musculares voluntários. Andar, vestir-se ou alimentar-se torna-se praticamente impossível à medida que a doença progride.
A descoberta dos pesquisadores preenche uma grande lacuna no entendimento de como a ELA se desenvolve e pode abrir caminho para um novo tratamento para a doença, que não tem cura nem terapias eficazes.
Um artigo descrevendo o estudo foi publicado recentemente na revista científica Nature. O Dr. Aaron Gitler é o autor sênior. Rosa Ma (doutoranda no laboratório do professor Gitler), a Dra. Mercedes Prudencio (professora de Neurociências na Clínica Mayo) e a Dra. Yuka Koike, pesquisadora de pós-doutorado na Clínica Mayo, compartilham a autoria principal.
Procura por éxons
Estudos anteriores da genética da ELA mostraram que o gene UNC13A é comumente mutado em pacientes com a doença. “Rosa Ma fez algo muito inteligente – ela reanalisou os dados desses estudos anteriores, mas em vez de procurar mudanças na expressão genética, ela procurou por éxons ‘enigmáticos’”, disse o Dr. Gitler. E o gene UNC13A imediatamente se destacou.
As mutações de UNC13A que foram sinalizadas nos estudos genéticos originais estavam ocorrendo exatamente no mesmo éxon em UNC13A que Rosa Ma descobriu – um detalhe que estudos anteriores não conseguiram mostrar. Juntamente com o fato de o TDP43 ser conhecido por ser disfuncional em pacientes com ELA, a descoberta esclarece como o TDP43 e o UNC13A estão conectados: com o TDP43 no citoplasma, os éxons crípticos em UNC13A aparecem e, dentro desses éxons enigmáticos, as instruções mutantes que provocam problemas neurológicos.
Alvo de drogas
O próximo passo é ver se os éxons crípticos UNC13A podem de alguma forma ser silenciados – ou sua formação bloqueada – antes que a comunicação celular seja prejudicada. É nisso que o Dr. Gitler e seus colegas estão trabalhando agora. Agora que eles sabem exatamente onde o éxon críptico ligado à ALS em UNC13A está se escondendo, eles estão a caminho de projetar uma estratégia terapêutica para evitar que ele apareça mesmo quando o TDP43 causa problemas. Além disso, os resultados da reanálise genética de Rosa Ma apontaram para éxons crípticos em outros genes, e o laboratório do Dr. Gitler planeja estudá-los.
Embora a nova descoberta seja um grande passo para conectar dois fatores amplamente conhecidos na ELA, o Dr. Aaron Gitler adverte que esse não é o único mecanismo da ELA – ainda há mais mistérios a serem resolvidos sobre como ela se desenvolve e como melhor tratá-la.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Escola de Medicina da Universidade Stanford (em inglês).
Fonte: Hanae Armitage, Universidade Stanford. Imagem: Dr. Aaron Gitler. Fonte: Paul Sakuma, Universidade Stanford.
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