Notícia

Pesquisa identifica biomarcador que pode ajudar a entender mudanças cognitivas do envelhecimento

Pesquisadores analisaram tecidos cerebrais de camundongos jovens e idosos, tecidos post-mortem de indivíduos saudáveis de meia-idade e idosos, além de modelos de cultura de um tipo de célula que não se divide: os astrócitos murinos senescentes

Vlada Karpovich via Pexels

Fonte

UFRJ | Universidade Federal do Rio de Janeiro

Data

terça-feira, 1 março 2022 16:00

Áreas

Biomarcadores. Bioquímica. Envelhecimento. Neurociências.

O envelhecimento da população visto nas últimas décadas no Brasil e no mundo veio acompanhado pela busca por uma vida mais saudável e ativa. Para compreender melhor como o cérebro funciona, uma pesquisa liderada pelo Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) caracterizou, de forma pioneira, um biomarcador de envelhecimento no Sistema Nervoso Central que pode explicar as mudanças cognitivas ocorridas na terceira idade. A descoberta foi publicada na revista científica Aging cell.

O estudo – que também contou com participação de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade de Utrecht, nos Países Baixos, e da Universidade da Califórnia em San Francisco (UCSF), nos Estados Unidos – analisou tecidos cerebrais de camundongos jovens e idosos, tecidos post-mortem de indivíduos saudáveis de meia-idade e idosos, além de modelos de cultura de um tipo de célula que não se divide: os astrócitos murinos senescentes.

Essas diferentes abordagens e modelos experimentais levaram os pesquisadores à lamina-B1, proteína expressa por neurônios e células do sistema nervoso no cérebro que também está presente em diversos outros órgãos. “Assim, realizamos análises dos níveis, distribuição e expressão da lamina-B1 nos diferentes modelos de modo a caracterizar sua redução no envelhecimento”, explicaram os pesquisadores.

Segundo a Dra. Flávia Gomes, professora do ICB-UFRJ e uma das responsáveis pelo estudo, foram analisados os níveis, distribuição e expressão dessa proteína nos diferentes modelos para poder caracterizar seu papel na redução do envelhecimento. Assim como as outras proteínas que compõem a membrana que envolve o núcleo da célula, a lamina-B1 participa da formação de um arcabouço que sustenta o núcleo celular, exercendo funções tanto estruturais quanto regulatórias, como, por exemplo, a expressão gênica e o reparo do DNA.

Os astrócitos constituem uma das principais populações de células do cérebro, desempenhando funções cruciais para o desenvolvimento e fisiologia desse sistema, a exemplo da formação e funcionamento das sinapses e da formação de memória. Uma das características mais proeminentes do envelhecimento é o surgimento e acúmulo de células senescentes nos tecidos, que são células que perdem a capacidade de se proliferar e podem se tornar prejudiciais para a sua manutenção. No cérebro, essa mudança representa um importante fator para as disfunções celulares e cognitivas associadas à idade.

“Em nosso trabalho, além de caracterizarmos que a perda de lamina-B1 e deformações nucleares são biomarcadores da senescência astrocitária, também descrevemos que astrócitos senescentes apresentam déficits em seu potencial de promover a formação de sinapses e a diferenciação dos neurônios, o que pode favorecer o declínio sináptico associado ao envelhecimento”, explicou a professora Flávia Gomes, destacando o pioneirismo do estudo em mostrar o impacto da descoberta na função das células cerebrais.

Estima-se que em 2050 o número de pessoas com 60 anos ou mais será o dobro do número atual, alcançando quase 2,1 bilhões em todo o mundo. Esse aumento de longevidade, associado diretamente ao avanço da ciência e da medicina, traz a perspectiva, nas próximas décadas, de maior incidência das doenças associadas ao envelhecimento, como o Alzheimer e o Parkinson. Nesse sentido, o estudo das pesquisadores do ICB-UFRJ é uma importante descoberta para desvendar os processos de mudança cerebral que ocorrem com o avanço da idade.

“Entender os mecanismos envolvidos no envelhecimento ‘saudável’ e identificar aqueles que o diferenciam do patológico podem contribuir para a identificação de pistas que ajudem a compreender os déficits cognitivos do envelhecimento”, concluiu a pesquisadora.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Fonte: Carol Correia, Conexão UFRJ. Imagem: Vlada Karpovich via Pexels.

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