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Processo metabólico em células cancerígenas pode desbloquear possível tratamento para o glioblastoma

Estudo liderado pela Universidade da Califórnia em Los Angeles pode levar a uma nova estratégia para o tratamento de câncer cerebral agressivo

Laboratório do Dr. David Nathanson, UCLA

Fonte

UCLA | Universidade da Califórnia em Los Angeles

Data

domingo, 28 maio 2023 13:15

Áreas

Biologia. Biomedicina. Bioquímica. Engenharia Biológica. Farmacologia. Medicina de Precisão. Metabolismo. Microbiologia. Oncologia. Saúde Pública.

Um estudo liderado por pesquisadores do Jonsson Comprehensive Cancer Center da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) descobriu que direcionar um processo metabólico em pessoas com uma mutação genética específica pode ajudar a tratar o glioblastoma, um câncer cerebral agressivo.

A alteração genética – uma deleção em um gene chamado CDKN2A – está presente em cerca de 60% das pessoas com glioblastoma. A mutação causa alterações na forma como os lipídios são distribuídos nas células cancerígenas, o que, por sua vez, torna as células cancerígenas vulneráveis à destruição. A descoberta, publicada na revista científica Cancer Cell, pode sugerir um caminho para o desenvolvimento de terapias direcionadas que visam especificamente essa vulnerabilidade.

“O tumor de cada paciente pode ter uma combinação única de alterações genéticas”, disse o Dr. David Nathanson, coautor sênior do estudo, professor de Farmacologia Molecular e Médica na Escola de Medicina da UCLA e membro do Jonsson Cancer Center. “Como todos esses tumores são diferentes, precisamos entender como certas alterações genéticas podem afetar o metabolismo do tumor para identificar possíveis alvos para futuros tratamentos”.

Os cientistas acreditam que interromper o metabolismo das células cancerígenas – a maneira como elas processam energia e nutrientes para sobreviver, crescer e invadir células saudáveis – pode ser a chave para tratamentos novos e eficazes.

Desenvolver novas formas de tratar o glioblastoma é imperativo, disse o Dr. David Nathanson. Glioblastomas são tumores cerebrais letais que crescem rapidamente para os quais atualmente existem poucas opções de tratamento. A expectativa de vida média de alguém diagnosticado com tumor cerebral é de apenas 12 a 15 meses, e apenas cerca de 5% das pessoas diagnosticadas com glioblastoma permanecem vivas cinco anos após o diagnóstico.

Procurando por possíveis padrões na forma como as células cancerígenas processam as gorduras – o que pode indicar que elas podem ser vulneráveis à medicina – os pesquisadores analisaram dados de 84 tumores de glioblastoma, 42 linhagens de células humanas e 30 modelos de glioblastoma em camundongos. Eles notaram algumas irregularidades com CDKN2A, o gene que sofre mutação na maioria das pessoas com glioblastoma.

Eles descobriram que o gene reconfigura o metabolismo lipídico para funcionar de maneira diferente das células sem essa alteração genética. E quando o gene CDKN2A está faltando, a forma como as células cancerígenas processam as gorduras as torna mais vulneráveis à morte celular, ou ferroptose.

A equipe então usou uma droga que visa esse processo e descobriu que as células de glioblastoma com a alteração genética em CDKN2A eram altamente suscetíveis à morte celular, enquanto as células de glioblastoma que não apresentavam a alteração genética eram insensíveis à droga.

“Descobrimos que o CDKN2A pode ser um regulador chave do metabolismo das células cancerígenas, o que nunca havia sido demonstrado no contexto deste câncer”, disse o professor Nathanson. “É importante ressaltar que descobrimos que a deleção de CDKN2A reconfigura o metabolismo lipídico não apenas em nossos modelos, mas também em tumores de pacientes com glioblastoma. Isso indica que essa vulnerabilidade metabólica pode um dia ser alvo de terapia em pacientes com glioblastoma”.

Embora não haja nenhuma droga existente que possa penetrar no cérebro para atingir o processo estudado pelos cientistas da UCLA, o estudo fornece uma forte justificativa para o desenvolvimento de um medicamento neste sentido, disse o pesqusiador.

O Dr. Steven Bensinger, professor de Imunologia e também coautor sênior do estudo, disse que outro aspecto importante do trabalho é que ele pode lançar uma nova luz sobre como a dieta e outros fatores de estilo de vida podem influenciar a progressão do câncer e as respostas dos pacientes à terapia.

“Nossos dados indicam que as células cancerígenas deletadas de CDKN2A mudam o tipo de lipídios usados para construir suas membranas celulares e que essa diferença pode ser explorada para matar tumores. Isso abre a possibilidade empolgante de que prescrever dietas especiais contendo os lipídios ‘errados’ pode torná-lo mais suscetíveis à terapia ou reduzir o crescimento do tumor”, explicou o Dr. Steven Bensinger.

O banco de dados das 156 amostras de glioblastoma que os pesquisadores analisaram está agora disponível para pesquisadores em todo o mundo; a equipe também expandiu o número de amostras no banco de dados para mais de 500, o que os cientistas esperam que os ajude a identificar relações adicionais entre genes que combatem o câncer e tipos específicos de lipídios usados pelo câncer cerebral.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade da Califórnia em Los Angeles (em inglês).

Fonte: Denise Heady, UCLA. Imagem: Células em um glioblastoma com deleção no gene CDKN2A. Fonte: Laboratório do Dr. David Nathanson, UCLA.

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