Notícia

Câncer de mama: metástases se formam de maneira mais eficiente enquanto pacientes dormem

Descoberta pode mudar significativamente a maneira como o câncer é diagnosticado e tratado no futuro

National Cancer Institute Visuals Online

Fonte

ETH Zurique | Instituto Federal de Tecnologia de Zurique

Data

terça-feira, 28 junho 2022 19:40

Áreas

Biologia. Biomedicina. Metabolismo, Microbiologia. Oncologia. Saúde Pública.

O câncer de mama é uma das formas mais comuns de câncer, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A cada ano, cerca de 2,3 milhões de pessoas em todo o mundo contraem a doença. Se os médicos detectarem o câncer de mama precocemente, as pacientes geralmente respondem bem ao tratamento. No entanto, as coisas se tornam muito mais difíceis se o câncer já tiver metástase. A metástase ocorre quando as células cancerígenas circulantes se separam do tumor original, viajando pelo corpo através dos vasos sanguíneos e formando novos tumores em outros órgãos.

Até o momento, a pesquisa sobre o câncer não deu muita atenção à questão de quando os tumores eliminam as células metastáticas. Os pesquisadores supunham anteriormente que os tumores liberavam essas células continuamente. No entanto, um novo estudo realizado por pesquisadores do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique (ETH Zurique), do Hospital Universitário de Basileia e da Universidade de Basileia, na Suíça, chegou a uma conclusão surpreendente: as células cancerígenas circulantes que mais tarde formam metástases surgem principalmente durante a fase do sono dos indivíduos afetados. Os resultados do estudo foram publicados na revista científica Nature.

Hormônios regulados pelo ritmo circadiano controlam a metástase

“Quando a pessoa afetada está dormindo, o tumor desperta”, resumiu o Dr. Nicola Aceto, líder do estudo e professor de Oncologia Molecular do ETH Zurique. Durante o estudo, que incluiu 30 pacientes com câncer do sexo feminino e modelos de camundongos, os pesquisadores descobriram que o tumor gera mais células circulantes quando o organismo está dormindo. As células que deixam o tumor à noite também se dividem mais rapidamente e, portanto, têm maior potencial para formar metástases, em comparação com as células circulantes que deixam o tumor durante o dia.

“Nossa pesquisa mostra que a fuga de células cancerígenas circulantes do tumor original é controlada por hormônios como a melatonina, que determinam nossos ritmos diurnos e noturnos”, disse o Dr. Zoi Diamantopoulou, principal autor do estudo e pesquisador de pós-doutorado no ETH Zurique.

Ajustando as terapias ao tumor

Além disso, o estudo indicou que o tempo em que o tumor ou as amostras de sangue são colhidas para o diagnóstico pode influenciar os achados dos oncologistas. Foi uma descoberta acidental nesse sentido que colocou os pesquisadores no caminho certo: “Alguns de meus colegas trabalham de manhã cedo ou tarde da noite; às vezes eles também analisam o sangue em horários incomuns”, disse o professor Nicola Aceto. Os cientistas ficaram surpresos ao descobrir que as amostras coletadas em diferentes momentos do dia tinham níveis muito diferentes de células cancerígenas circulantes.

Outra pista foi o número surpreendentemente alto de células cancerosas encontradas por unidade de sangue em camundongos em comparação com humanos. O motivo foi que, como animais noturnos, os camundongos dormem durante o dia, que é quando os cientistas coletam a maioria de suas amostras.

“A nosso ver, esses achados podem indicar a necessidade de os profissionais de saúde registrarem sistematicamente o momento em que realizam as biópsias. Isso pode ajudar a tornar os dados verdadeiramente comparáveis”, destacou o professor Nicola Aceto.

O próximo passo dos pesquisadores será descobrir como essas descobertas podem ser incorporadas aos tratamentos de câncer existentes para otimizar as terapias. Como parte de outros estudos com pacientes, o professor Nicola Aceto, quer investigar se diferentes tipos de câncer se comportam de maneira semelhante ao câncer de mama e se as terapias existentes podem ter mais sucesso se os pacientes forem tratados em momentos diferentes.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique (em inglês).

Fonte: Vanessa Bleich, ETH Zurique. Imagem: Metástase de câncer de mama no fígado. Fonte: National Cancer Institute Visuals Online.

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