Notícia
Nanoemulsão de óleo da Caatinga pode ter aplicações farmacêuticas, odontológicas, veterinárias e cosméticas
Nanoemulsões são sistemas nanotecnológicos cujas gotículas se encontram na faixa de 20 a 500 nanômetros
Cícero Oliveira, UFRN
Fonte
UFRN | Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Data
terça-feira, 28 junho 2022 06:20
Áreas
Biomedicina. Biotecnologia. Cosmética. Desenvolvimento de Fármacos. Entrega de Medicamentos. Farmacologia. Fitoterapia. Indústria Farmacêutica. Nanotecnologia. Odontologia. Química Medicinal.
Uma descoberta científica realizada por um grupo de pesquisa de farmacêuticos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) resultou na elaboração de um produto com aplicações farmacêuticas, odontológicas, veterinárias e cosméticas devido às suas propriedades hidratante, antibacteriana, antiparasitária, antioxidante e antifúngica. Objeto de depósito de pedido de patente no mês de maio, a invenção usa óleo fixo de licuri extraído de uma palmeira nativa abundante na Caatinga que pode ser encontrada nos estados da Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe, para obter uma nanoemulsão com características farmacêuticas.
Douglas Dourado Oliveira, doutorando vinculado ao Programa de Pós-Graduação de Nanotecnologia Farmacêutica (PPGNANO/UFRN), explicou que o sistema nanotecnológico utilizado possibilita contornar as limitações funcionais referentes aos aspectos de odor, textura e sabor do óleo, bem como aprimora suas propriedades. “A nanoemulsão tem na sua composição uma fase aquosa dispersante e uma fase oleosa dispersa estabilizada por tensoativos. A combinação dos dois momentos propicia que alcancemos uma formulação que não compromete as atividades biológicas e nem sequer a adesão terapêutica por parte do paciente”, explicou o doutorando.
Douglas Oliveira destacou que as nanoemulsões são capazes de promover aumento de biodisponibilidade oral, proteção do ativo frente a ambientes fisiológicos, liberação modificada reduzindo número de administrações e viabilização da administração parenteral devido às gotículas nanométricas do óleo de licuri dispersas em uma fase aquosa fisiologicamente aceita. Além disso, também aumentam a área superficial de contato do óleo com a pele, proporcionam maior penetração e permeação cutânea, permitidas pelo tamanho e fluidez das gotículas, que facilitam a passagem entre as camadas da pele, e otimizam os aspectos sensoriais como espalhabilidade, toque e textura e mascaramento de sabor e odor. Esses sistemas podem apresentar duas configurações principais: óleo em água, quando as gotículas de óleo estão dispersas na fase aquosa, e água em óleo, quando gotículas de água estão dispersas na fase oleosa.
As chamadas nanoemulsões são sistemas nanotecnológicos cujas gotículas se encontram na faixa de 20 a 500 nanômetros, situação imprescindível para promover proteção, controle de liberação, permeação, redução de toxicidade e incremento das propriedades biológicas inerentes ao bioativo ㅡ neste caso, o óleo de licuri. São devidas ao óleo as propriedades hidratante, antibacteriana, antiparasitária, antioxidante e antifúngica.
Douglas Dourado acrescentou que o uso do óleo de licuri agrega valor à região Nordeste e ao bioma Caatinga, além de fomentar ciclos de sustentabilidade a partir do aproveitamento das sementes desta espécie. O licuri é da espécie Syagrus coronata (Mart.) Becc pertencente à família das palmáceas, predominante na região do semiárido do Brasil. Das sementes dessa palmeira, obtém-se o óleo fixo de licuri. O Nordeste brasileiro possui imensa diversidade de plantas oleaginosas com potencial biológico promissor que, em sua maioria, têm sido pouco exploradas.
“A tecnologia se encontra em estágio intermediário, quando foram desenvolvidas nanoemulsões veiculando o óleo de licuri. Estas nanoemulsões foram caracterizadas e verificadas quanto à sua estabilidade em longo prazo e sua segurança in vitro. Os próximos passos da pesquisa se referem a estudos de atividade terapêutica in vitro, previstos para finalização até o fim do ano”, descreveu Douglas Dourado.
Acesse a notícia completa na página da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Fonte: Wilson Galvão, AGIR/UFRN. Imagem: Cícero Oliveira, UFRN.
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