Notícia

Cientistas avançam na direção de vacinas contra o câncer

Scott Wilkinson e Adam Marcus, Winship Cancer Institute da Universidade Emory via National Cancer Institute Visuals Online

Fonte

Technion | Instituto de Tecnologia de Israel

Data

segunda-feira, 5 setembro 2022 06:20

Áreas

Biologia. Biomedicina. Biotecnologia. Diagnóstico. Imunologia. Imunoterapia. Microbiologia. Oncologia. Saúde Pública. Vacinas.

Cientistas do Instituto de Tecnologia de Israel (Technion) e do Centro Médico Sheba, em Israel, desenvolvem uma nova técnica, melhorando o diagnóstico e o tratamento de imunoterapia para câncer de pulmão.

“É basicamente uma ‘vacina terapêutica contra o câncer'”, disse o Dr. Arie Admon, professor da Faculdade de Biologia do Technion, explicando o mecanismo por trás do tratamento imunoterápico do câncer que é o foco de seu laboratório: “Ativa o próprio sistema imunológico do corpo contra o tumor”.

Os tratamentos de imunoterapia vêm ganhando destaque nos últimos anos, superando a quimioterapia tradicional em sua capacidade de tratar mais de um tipo de câncer. O professor Admon visa aumentar o escopo dos cânceres que podem ser tratados por imunoterapia e reduzir o custo do tratamento. O trabalho de Sofia Khazan-Kost, doutoranda no laboratório do professor Admon, publicado recentemente na revista científica Journal for Immunotherapy of Cancer (JITC), faz exatamente isso.

O estudo de Sofia Khazan-Kost, por iniciativa do Dr. Michael Peled, médico sênior do Centro Médico Sheba, concentrou-se em pacientes com câncer de pulmão. O câncer de pulmão é a causa mais comum de morte relacionada ao câncer em homens e mulheres, matando mais de 1,5 milhão de pessoas em todo o mundo anualmente. Sofia Khazan-Kost desenvolveu e provou a eficácia de uma técnica simples para coletar peptídeos tumorais específicos do paciente que melhorariam a correspondência precisa do tratamento para cada paciente individual. Os peptídeos, que são pequenos pedaços de proteína, foram coletados do derrame pleural de pacientes com câncer de pulmão – da secreção líquida que se acumula no tórax dos pacientes e precisa ser removida rotineiramente, pois restringe a respiração. Este líquido normalmente seria descartado. A técnica de Sofia Khazan-Kost, portanto, não submete o paciente a nenhum teste adicional.

As células do corpo humano rotineiramente apresentam em sua superfície, com a ajuda de moléculas chamadas HLA (Antígeno Leucocitário Humano), pedaços das proteínas (peptídeos) degradadas em seu interior. É uma das maneiras pelas quais cada célula comunica ao seu ambiente o que acontece dentro dela. Essa comunicação torna-se importante quando a célula é infectada por um vírus: nesse caso ela apresentará pequenos pedaços de proteínas virais; ou, se a célula se tornar cancerosa, nesse caso vários peptídeos de proteínas aberrantes serão exibidos. O sistema imunológico, vendo isso, deve atacar e destruir a célula, protegendo o corpo da doença.

Uma vacina, como a vacina contra o novo coronavírus, induz o sistema imunológico a peptídeos da bactéria ou vírus contra o qual deveria proteger, dessa forma, ‘treinando-o’ e melhorando sua resposta. Uma vacina contra o câncer deve funcionar de maneira semelhante, treinando o sistema imunológico para atacar as células cancerígenas. No entanto, ao contrário de bactérias e vírus, o câncer não é um intruso no corpo que pode ser facilmente ‘mostrado’ ao sistema imunológico. É uma anormalidade que ocorre dentro das células do corpo. Os peptídeos aberrantes que a célula doente apresenta podem, assim, ser tão diferentes entre os pacientes quanto um paciente é de outro. Isso torna a geração de uma vacina para ajudar vários pacientes uma tarefa extremamente complicada.

A chave para a técnica de Sofia Khazan-Kost são as moléculas HLA que apresentam os peptídeos mencionados na superfície celular. Essas moléculas têm alguma variação entre as pessoas e são, de fato, fundamentais para a correspondência de órgãos de transplante. Elas estão localizadas na membrana externa de quase todas as células do corpo e também são, juntamente com a carga peptídica que carregam, liberadas pelas células nos diferentes fluidos corporais, como sangue e linfa. Em pacientes com câncer de pulmão em estágio avançado, elas também encontram o caminho para o derrame pleural. Os pesquisadores tentaram usar moléculas HLA isoladas das células cancerosas para adquirir peptídeos específicos do tumor para o desenvolvimento de imunoterapia. No entanto, a quantidade de tais moléculas em uma biópsia por agulha de tumor foi considerada insuficiente. Derrames pleurais, que precisam ser removidos dos pulmões do paciente como parte do tratamento, forneceram o ponto de acesso necessário.

A equipe do professor Admon foi capaz de filtrar uma grande quantidade de moléculas HLA dos derrames pleurais dos pacientes e, em seguida, usou a análise de espectrometria de massa para identificar os peptídeos que as moléculas HLA apresentavam. Usando essas informações, eles foram capazes de reconstruir as proteínas específicas do tumor. Estas proteínas, mostraram os pesquisadores, podem ser usadas ​​para pesquisa, para combinar tratamentos existentes e, no futuro – para iniciar o tipo de resposta imune que se desejaria em uma vacina.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página do Instituto de Tecnologia de Israel (em inglês).

Fonte: Technion. Imagem: metástase de câncer de pulmão. Fonte: Scott Wilkinson e Adam Marcus, Winship Cancer Institute da Universidade Emory via National Cancer Institute Visuals Online.

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