Notícia

Cientistas identificam alterações genéticas no gene VAV1 relevantes em linfomas

Estudo catalogou 51 alterações genéticas (mutações) no gene VAV1 que foram detectadas em tumores

Divulgação, Universidade de Salamanca

Fonte

Universidade de Salamanca

Data

quinta-feira, 21 outubro 2021 06:40

Áreas

Biologia. Genoma. Oncologia.

O grupo de pesquisa liderado pelo Dr. Xosé R. Bustelo, do Centro de Pesquisa do Câncer (CIC) da Universidade de Salamanca e do Programa de Mecanismos de Progressão de Tumor da CIBER do Câncer (CIBERONC), na Espanha, acaba de publicar um artigo científico com um catálogo completo de mutações no gene VAV1 que foram encontradas em diferentes tipos de tumores e, mais frequentemente, em um tumor originário de células sanguíneas conhecido como linfoma periférico de células T.

A descoberta permite identificar as mutações que levam à ativação descontrolada do gene VAV1 e que, portanto, podem contribuir para a origem ou progressão maligna desse tipo de câncer. No estudo, cujo primeiro autor é o Dr. Javier Robles-Valero, da Universidade de Salamanca, ficou demonstrado que o tipo mais frequente de mutação VAV1 em tumores causa, de forma autônoma, o rápido aparecimento de linfomas periféricos de células T quando é expresso em camundongos.

A descoberta acaba de ser publicada na revista científica EMBO Journal.

Estudos recentes do sequenciamento do genoma de diferentes tumores humanos revelaram que eles apresentam milhares de mutações em um grande número de genes. Após esses estudos, o desafio atual é saber quais mutações são realmente importantes para o desenvolvimento do câncer e, ao mesmo tempo, saber quais os efeitos que causam e por quais vias promovem a transformação de células saudáveis ​​em cancerosas. Responder a essas questões é fundamental para poder diagnosticar adequadamente os pacientes e, sobretudo, encontrar alvos terapêuticos que permitam o desenvolvimento de drogas específicas para os tumores que abrigam essas mutações. Sem essa informação, a implementação da medicina personalizada em nível hospitalar não pode ser abordada rotineiramente.

Os estudos genômicos encontraram um grande número de mutações no gene chamado VAV1 em vários tipos de tumores. Dentre eles, destacam-se os chamados linfomas periféricos de células T, pela frequência com que são encontrados, que se desenvolvem a partir de linfócitos T, células do nosso sistema imunológico cuja função é reconhecer e destruir células do nosso corpo que tornem-se “perigosas” porque foram transformados em células cancerosas ou porque foram infectadas por vários tipos de vírus, como o que causa a COVID-19. Essas funções positivas, entretanto, tornam-se perigosas quando os próprios linfócitos T sofrem alterações genéticas que os fazem proliferar de forma descontrolada e promovem a formação de linfomas. Esse tipo de tumor é caracterizado por sua agressividade, falta de opções terapêuticas e alta mortalidade, que não foi reduzida significativamente nos últimos trinta anos. Esses tumores, portanto, constituem um desafio importante em nível clínico.

No trabalho, o grupo de pesquisa do Dr. Bustelo caracterizou grande parte das mutações detectadas até agora no gene VAV1 tanto em linfomas periféricos de células T quanto em outros tipos de tumor. Três observações muito relevantes foram obtidas a partir deste estudo. Por um lado, foi demonstrado que a maioria dessas mutações leva à ativação descontrolada desse gene em células tumorais e que, portanto, [que essas mutações] são relevantes para o desenvolvimento de tumores. O estudo também revelou que nem todas as mutações do gene VAV1 são funcionalmente iguais: ao contrário, elas poderiam ser classificadas em vários subtipos dependendo do grau de intensidade de ação sobre o gene VAV1 ou do espectro de funções que elas descontrolam dentro das células tumorais. Portanto, que cada um desses subtipos de mutações estará associado a diferentes características patológicas e clínicas dos pacientes.

Por fim, o estudo também mostrou que o subtipo funcional mais frequente de mutações VAV1 em tumores humanos atua como um condutor oncogênico totalmente autônomo, ou seja, é capaz de induzir tumores quando expresso em células T saudáveis, sem a necessidade de alterações genéticas em outros genes. Essa constatação reforça ainda mais o fato de que a presença dessas mutações em tumores não é trivial, mas sim que neles se encontram por terem sido as principais responsáveis ​​pela origem desses tumores.

“Até agora, a relevância das mutações do gene VAV1 em nível funcional e clínico era desconhecida. Graças a este trabalho, sabemos agora quais mutações são importantes, o que fazem e como influenciam a aquisição de propriedades malignas das células tumorais. Conhecer esses efeitos também nos permitirá, em um futuro próximo, projetar novos medicamentos antitumorais”, concluiu o Dr. Robles-Valero.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade de Salamanca (em espanhol).

Fonte: Almudena Timón, Centro de Pesquisa do Câncer da Universidade de Salamanca. Imagem: imagem microscópica do baço de um camundongo que desenvolveu linfoma periférico de células T devido a alterações no gene VAV1. Fonte: Divulgação, Universidade de Salamanca.

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