Notícia

Cientistas identificam molécula que inibe proteína ligada ao crescimento do câncer

Próximo passo é aprimorar a estrutura do inibidor e testá-lo em animais e culturas de células tumorais humanas

Divulgação, CQMED

Fonte

Agência FAPESP

Data

quarta-feira, 16 fevereiro 2022 14:50

Áreas

Biologia. Bioquímica. Oncologia. Química Medicinal.

Cientistas do Brasil e da Alemanha deram um passo importante na busca de um composto que pode dar origem a um novo tratamento contra o câncer. A molécula estudada pelo grupo é um potente inibidor da proteína MPS1, envolvida no crescimento de tumores sólidos. Os resultados da pesquisa foram publicados na revista científica Journal of Medicinal Chemistry.

O trabalho vem sendo conduzido no Centro de Química Medicinal (CQMED) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Os próximos passos envolvem o aprimoramento da molécula e a realização de testes em animais de laboratório e em células tumorais humanas.

O alvo do investigação – a MPS1 (monopolar spindle kinase 1) – é uma proteína que pertence à classe das quinases e desempenha um papel crítico no controle da divisão celular. A superexpressão dessa proteína tem sido associada a uma variedade de tumores sólidos, entre eles mama, pâncreas, glioblastoma e neuroblastoma. Por esse motivo muitos grupos de pesquisa buscam moléculas capazes de inibir a ação da MPS1.

As quinases, de modo geral, são consideradas alvos prioritários para o desenvolvimento de fármacos, pois regulam uma série de processos importantes no interior das células.

Neste trabalho, os cientistas planejaram e testaram uma pequena molécula que se liga de forma covalente à proteína MPS1 (um tipo ligação estável por ocorrer compartilhamento de elétrons entre os dois átomos).

“De maneira geral, os compostos se ligam a proteínas-alvo de forma reversível, em equilíbrio dinâmico. A modificação que fizemos nesse composto faz com que ele se ligue de maneira definitiva e isso traz vantagem para o desenvolvimento de um novo medicamento, pois há um prolongamento da ação inibitória na proteína”, explicou o Dr. Rafael Couñago, pesquisador do CQMED e autor do estudo.

Quando se trata de desenvolver um novo fármaco, a forma que o composto se liga à proteína-alvo tem muita influência sobre a eficácia do tratamento. A ligação covalente, se bem planejada, é uma característica desejada, pois garante que não ocorra deslocamento da molécula em seu alvo, o que poderia prejudicar o efeito terapêutico. Entre os medicamentos que estabelecem esse tipo de ligação estão a penicilina, omeprazol e aspirina, entre outros.

Atualmente, são conhecidos apenas oito medicamentos inibidores de quinases que se ligam de forma covalente ao alvo. No caso desta pesquisa, os autores exploraram uma característica pouco comum da MPS1, que é a presença de um resíduo do aminoácido cisteína numa posição específica.

Das mais de 500 quinases codificadas pelo genoma humano, apenas cinco possuem essa característica. “Isso é favorável em termos de seletividade e potência quando está se desenvolvendo uma molécula inibidora com potencial terapêutico, pois reduz muito a chance de a nossa molécula se ligar a outras quinases [o que poderia causar efeitos adversos]”, explicou o Dr. Ricardo Serafim, que realizou seu pós-doutorado no CQMED com apoio da FAPESP.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Agência FAPESP.

Fonte: Agência FAPESP e Assessoria de Comunicação do CQMED. Imagem: Divulgação, CQMED.

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