Notícia

Composto de planta brasileira combate leishmaniose e doença de Chagas

Pesquisadores do Instituto Adolf Lutz constatam que substâncias sintetizadas de molécula da canela-seca são capazes de matar os parasitas transmissores dessas doenças negligenciadas

Germano Woehl Junior e Instituto Rã-bugio

Fonte

Agência FAPESP

Data

quarta-feira, 10 julho 2019 14:55

Áreas

Parasitologia. Doenças Negligenciadas.

Um composto natural isolado de uma planta originária da Mata Atlântica, popularmente conhecida como canela-seca ou canela-branca (Nectranda leucantha), pode resultar em novos medicamentos para o tratamento da leishmaniose visceral e da doença de Chagas.

Pesquisadores do Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo, constataram em um estudo apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Sâo Paulo (FAPESP) que substâncias derivadas de uma molécula da planta, pertencente ao grupo das neolignanas, são capazes de combater os parasitas transmissores dessas doenças que afetam milhões de pessoas no Brasil e em outros países em desenvolvimento. Os resultados do trabalho foram publicados na revista Scientific Reports e na revista European Journal of Medicinal Chemistry.

“Observamos que os compostos foram altamente potentes contra a Leishmania infantum, causadora da leishmaniose visceral, e o Trypanosoma cruzi, transmissor da doença de Chagas”, disse o Dr. André Gustavo Tempone, pesquisador do Centro de Parasitologia e Micologia do Instituto Adolfo Lutz e coordenador do estudo, à Agência FAPESP. Os pesquisadores da instituição têm se dedicado nos últimos anos a identificar compostos provenientes da biodiversidade da Mata Atlântica que possam resultar no desenvolvimento de novos fármacos para combater doenças negligenciadas – causadas por agentes infecciosos ou parasitas e que afetam principalmente as populações mais pobres.

Durante um projeto em colaboração com o Dr. João Henrique Ghilardi Lago, professor da Universidade Federal do ABC (UFABC), foi possível isolar a neolignana. Já por meio de um projeto em colaboração com colegas da Universidade estadual de Ohio, nos Estados Unidos, também apoiado pela FAPESP, foi possível avaliar e comprovar o efeito do composto sobre células do sistema imunológico.

Agora, em um projeto em colaboração com o Dr. Edward Alexander Anderson, professor da Universidade de Oxford, no Reino Unido, também apoiado pela FAPESP na modalidade São Paulo Researchers in International Collaboration (SPRINT), foram sintetizados 23 novos compostos derivados da molécula.

“Uma das limitações no desenvolvimento de novos fármacos para o tratamento de doenças negligenciadas é encontrar parceiros para fazer a síntese dos compostos promissores. A colaboração com o grupo da Universidade de Oxford possibilitou darmos esse passo”, disse o Dr. André Tempone. Os pesquisadores avaliaram os efeitos dos compostos derivados da molécula em células de Leishmania infantum. Os resultados das análises indicaram que quatro deles se mostraram capazes de atingir a mitocôndria do parasita, que é um potencial alvo molecular de um fármaco para combatê-lo.

Acesse o artigo científico completo na revista Scientific Reports (em inglês).

Acesse o resumo do artigo científico na revista European Journal of Medicinal Chemistry (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Agência FAPESP.

Fonte: Elton Alisson, Agência Fapesp. Imagem: Canela-branca. Fonte: Germano Woehl Junior e Instituto Rã-bugio.

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