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Câncer de placenta: nova pesquisa impacta tratamento
Artigo publicado na revista científica Lancet Oncology confirma a eficácia do tratamento menos agressivo contra o câncer na placenta. O estudo foi liderado pelo pesquisador Dr. Antonio Rodrigues Braga Neto, que coordena estudos sobre a doença trofoblástica gestacional (DTG) na Maternidade Escola da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e no Hospital Universitário da Universidade Federal Fluminense (UFF). O trabalho foi produzido em parceria com o Imperial College de Londres e com a Escola Médica de Harvard.
“A partir de relatos de mulheres que se recusaram a realizar o tratamento mais agressivo, passamos a investigar alternativas para o tratamento do câncer da placenta e, por meio desse estudo, confirmamos que é possível utilizar apenas um medicamento para as sessões de quimioterapia em casos de escore de risco da Figo [Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia] 5 e 6”, explicou o Dr. Antonio Braga Neto. De acordo com o pesquisador, isso significa uma diminuição dos efeitos colaterais como enjoos e quedas de cabelo e até mesmo o desenvolvimento de tumores na vida futura dessas pacientes. O tocoginecologista acrescenta que a DTG é plenamente curável, mesmo nos casos mais graves, desde que seja feito o diagnóstico precoce e o tratamento ocorra em Centros de Referência.
A DTG é uma doença rara. A cada ano surgem 20 mil novos casos ao redor do mundo e, por esse motivo, torna-se difícil realizar estudos randomizados de pesquisa clínica. O trabalho recém publicado consistiu em um estudo retrospectivo que incluiu pacientes atendidas nos três centros de referência entre 1964 a 2018: os hospitais escola do Imperial College de Londres (Charing Cross Hospital); da Escola Médica de Harvard (Brigham and Women’s Hospital) e da UFRJ (Maternidade Escola).
O pesquisador explicou que a gestação nesses casos não passa de 12 semanas e, em grande parte dos casos, a remoção do feto em formação é suficiente para eliminar a doença. As demais pacientes precisarão de quimioterapia. E apenas nos casos de metástase, coriocarcinoma, e níveis elevados de gonadotrofina coriônica humana (hCG – marcador tumoral dessa doença) ficam configurados casos de tumores mais agressivos, em que a quimioterapia com mais de um medicamento pode ser necessária.
Em uma primeira etapa foram coletados 5025 registros de pacientes com o câncer da placenta e a partir daí verificou-se a gravidade da doença em uma escala que vai de 0-6, com as atualizações necessárias da classificação, modificada ao longo das últimas décadas. Do total, apenas 431 dos casos eram de maior gravidade (escore da FIGO 5 ou 6). Entre estas pacientes, que tinham entre 26 e 40 anos, 80 foram submetidas ao tratamento mais agressivo, com mais de um medicamento. Neste grupo, houve uma morte. Enquanto entre as 351 que foram atendidas com apenas um medicamento, houve duas mortes.
Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da FAPERJ.
Fonte: Juliana Passos, FAPERJ.
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