Destaque

Como os micróbios intestinais podem evoluir e se tornar perigosos?

Fonte

Universidade Yale

Data

quinta-feira. 21 julho 2022 19:05

Os micróbios intestinais têm sido associados à boa saúde e à promoção de doenças como distúrbios autoimunes, doenças inflamatórias intestinais, síndrome metabólica e até distúrbios neuropsiquiátricos.

Uma explicação popular para esses maus resultados tem sido a chamada hipótese do ‘intestino permeável’ – na qual se diz que bactérias potencialmente prejudiciais escapam do intestino, desencadeando uma resposta inflamatória crônica que pode contribuir para uma variedade de doenças.

“Mas um mistério é como bactérias potencialmente patogênicas podem existir em pessoas saudáveis ​​por décadas sem consequências aparentes para a saúde”, disse o Dr. Noah Palm, professor  de Imunobiologia da Universidade Yale, nos Estados Unidos.

Em um novo estudo publicado recentemente, o professor Noah Palm e uma equipe de cientistas de Yale oferecem novos insights sobre esse mistério. Em um estudo publicado na revista científica Nature, eles descreveram como as bactérias intestinais podem evoluir ao longo do tempo, tornando-se mais patogênicas, ganhando a capacidade de migrar através da barreira intestinal e persistir em órgãos fora do intestino, causando inflamação crônica e patologias associadas.

Para o estudo, a equipe de Yale estudou a genética e o comportamento de uma espécie de bactéria potencialmente patogênica que eles introduziram em camundongos livres de germes, uma espécie que não possui seus próprios micróbios intestinais. Com o tempo, eles descobriram que esses micróbios divergiram em duas populações distintas: uma que se comportou de forma semelhante à linhagem ancestral e outra que adquiriu pequenas mutações de DNA que lhes permitiu viver nas mucosas do intestino e persistir nos gânglios linfáticos e no fígado, depois de ‘escapar’ do intestino.

Ao contrário dos patógenos tradicionais que provocam uma rápida eliminação imunológica, essas pequenas colônias de bactérias realocadas permanecem semi-ocultas nos órgãos e podem evitar a atenção do sistema imunológico – pelo menos temporariamente. No entanto, os autores constataram que sua presença ao longo do tempo pode eventualmente desencadear patologias inflamatórias, como doenças autoimunes. Esse fenômeno pode explicar, pelo menos parcialmente, por que algumas pessoas com bactérias potencialmente patogênicas nunca adoecem, mas por que o risco de doença aumenta com a idade, disseram os pesquisadores.

Essa capacidade das bactérias intestinais de se tornarem mais patogênicas é impulsionada por um fenômeno conhecido como ‘evolução dentro do hospedeiro’, que explica por que espécies bacterianas individuais que vivem nos intestinos são capazes de se adaptar e evoluir ao longo da vida, explicaram os pesquisadores.

Essa descoberta sugere que fatores ambientais que influenciam o ritmo ou trajetória da evolução dentro do hospedeiro também terão efeitos importantes no desenvolvimento de doenças causadas pela microbiota. Por exemplo, pessoas que consomem uma dieta saudável tendem a desenvolver diversas comunidades bacterianas em seus intestinos. Isso significa que muitos micróbios diferentes devem competir por espaço e recursos, limitando o tamanho da população de qualquer espécie individual e, assim, diminuindo as chances de que variantes potencialmente insalubres apareçam e escapem do intestino. No entanto, em comunidades bacterianas menos diversas, mais nichos podem se abrir nos intestinos, aumentando a probabilidade de surgirem variantes bacterianas prejudiciais, explicou o professor Palm.

“Essas bactérias são essencialmente pré-adaptadas para existirem em órgãos fora do intestino. Acreditamos que esse processo evolutivo recomeça em cada novo hospedeiro devido à transmissão preferencial de cepas não patogênicas entre os indivíduos”, disse o Dr. Noah Palm.

Compreender o papel da evolução dentro do hospedeiro na formação do comportamento bacteriano no intestino, acrescentou o pesquisador, pode eventualmente revelar novas intervenções terapêuticas que podem restringir ou redirecionar esse processo para prevenir o desenvolvimento de diversas doenças associadas ao ‘intestino permeável’.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade Yale (em inglês).

Fonte: Bill Hathaway, Universidade Yale.

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