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DIU hormonal não aumenta risco de trombose e reduz sangramento uterino
Alguns métodos contraceptivos estão associados ao risco de tromboembolismo venoso, como os contraceptivos orais combinados (pílula anticoncepcional). No entanto, estudo revisional realizado pela pesquisadora Júnea Chagas, mestre em Saúde da Mulher pelo Programa de Pós-graduação da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), concluiu que os métodos de progestagênio isolado não aumentam o risco de trombose e reduzem o volume do sangramento uterino, constituindo-se assim em alternativa viável para melhorar a qualidade de vida das pacientes.
Evidências científicas demonstram que o SIU-LNG, conhecido como DIU hormonal, está associado a reduções de até 90% das perdas menstruais em mulheres saudáveis. “Grande parte dos estudos sobre contracepção excluiu mulheres com fatores de risco significativos para trombose, como o antecedente pessoal de trombose venosa, criando uma coorte saudável. Olhar para outro recorte populacional sensível à trombose ajuda a orientar o trabalho de profissionais que atuam na saúde da mulher”, afirmou a pesquisadora.
A dissertação de mestrado da pesquisadora revisou, de maneira sistemática, as evidências disponíveis sobre a melhoria da qualidade de vida em mulheres com passado de tromboembolismo venoso que usam SIU-LNG para anticoncepção. Ainda que essas evidências não sejam numerosas, a Organização Mundial da Saúde (OMS), em seus critérios de elegibilidade médica para contraceptivos, define o dispositivo intrauterino hormonal como categoria 2, afirmou Júnea Chagas. “Trata-se de condição em que os benefícios do uso do método superam os riscos teóricos ou comprovados em mulheres com episódios tromboembólicos prévios. Assim, o uso do SIU-LNG mostra-se apropriado para mulheres predispostas à trombose que desejam contracepção”, explicou a pesquisadora.
Baixa adesão aos contraceptivos de longa duração
O tromboembolismo venoso é uma condição clínica que inclui a trombose venosa profunda e o tromboembolismo pulmonar. É uma doença com incidência anual estimada de dois casos por 10 mil mulheres em idade reprodutiva. Apesar da baixa incidência descrita, pode causar morbidade e mortalidade significativas.
A terapia anticoagulante oral é o principal tratamento para complicações trombóticas. O sangramento uterino, que varia de episódios menores a sangramentos graves e fatais, é uma complicação frequente, podendo acometer até 70% das mulheres que recebem anticoagulação oral.
No Brasil, a taxa de gestação não planejada é de 55,4%. Em contrapartida, o uso de anticoncepcionais pelas mulheres chega a 80%. A possível explicação para essa diferença é o baixo acesso aos contraceptivos de longa duração (Larcs). De acordo o Ministério da Saúde, apenas 2% das mulheres brasileiras usam DIU ou implante contraceptivo. Segundo Júnea Chagas, a dificuldade em aumentar a adesão das mulheres aos métodos mais eficazes é provocada por desinformação, falta de equipamentos e treinamento dos profissionais de saúde.
O DIU hormonal é um método reversível. Contém apenas progestagênio, e sua eficácia é comparável à da cirurgia de esterilização, que não compromete a fertilidade futura. Ele é aprovado para o tratamento de sangramento uterino anormal, servindo como opção para reduzir o sangramento em mulheres com alterações no fluxo menstrual, como as pacientes anticoaguladas.
Acesse a notícia completa na página da Universidade Federal de Minas Gerais.
Fonte: Vitor Pepino, Centro de Comunicação da Faculdade de Medicina da UFMG.
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