Destaque

Em Portugal, pesquisadores descobrem como reduzir dose de fármaco para tratar câncer

Fonte

Universidade do Porto

Data

terça-feira. 24 janeiro 2023 10:30

Uma equipe liderada pelo Dr. Helder Maiato, pesquisador do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S) da Universidade do Porto, em Portugal, descobriu um mecanismo que permite diminuir em cerca de metade a dose do fármaco mais utilizado para combater os cânceres de mama e de ovário: o taxol.

Os resultados são evidentes: menos medicamento, os mesmos benefícios, menos efeitos secundários e menor resistência à terapia. O grupo identificou também um novo biomarcador que permitirá perceber a forma como o doente oncológico irá reagir à terapia com taxol. O processo de recrutamento de pacientes para validação clínica será a próxima fase.

As descobertas da equipe do Dr. Helder Maiato, que é também professor na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), foram recentemente publicadas na revista científica  Journal of Cell Biology e decorrem do estudo de uma das estruturas que compõem as células e que são fundamentais no processo de divisão celular: os microtúbulos e a proteína que os constitui, a tubulina.

Os microtúbulos são estruturas que existem dentro das células e que funcionam como uma espécie de GPS celular, que orienta os cromossomos na direção correta. Neste estudo, demonstrou-se que em alguns cânceres este sistema de navegação, o chamado código da tubulina, está alterado.

A tubulina, explicou o professor Helder Maiato, “é um alvo terapêutico para vários tipos de câncer, principalmente mama e ovário. Todas as terapias dirigidas para combater estes cânceres usam um fármaco que atua precisamente na tubulina, estabilizando-a, o taxol. Apesar de ter um sucesso elevado, as terapias baseadas no taxol têm efeitos secundários: primeiro porque não atuam só nas células cancerígenas, mas sim em todas as células, com efeitos particularmente relevantes nas células do sistema nervoso periférico; e segundo porque os pacientes acabam por desenvolver resistência ao taxol”.

Aliás, acrescentou o pesquisador, “mais de 90% dos óbitos em câncer devem-se a resistências às terapias atualmente disponíveis”. Daí a necessidade premente de encontrar fármacos mais eficientes que usem mecanismos alternativos e que melhorem a sobrevivência dos pacientes.

Novos fármacos em perspectiva

O doutorando Danilo Lopes, primeiro autor do artigo, explicou que a equipe “encontrou um mecanismo no código da tubulina que permite diminuir para cerca de metade a dose do taxol, mantendo o mesmo efeito, e, ao mesmo tempo, aumentar a sensibilidade das células a este fármaco, diminuindo assim os efeitos secundários”.

“Fizemo-lo por uma via genética que regula a tubulina, mas estamos já tentando identificar fármacos que atuem nesta via, a partir de compostos que já existem, mas também desenvolvendo fármacos novos”, acrescentou o pesquisador.

A equipe descobriu também uma outra modificação/alteração na tubulina que pode funcionar como biomarcador. As pessoas que apresentam níveis elevados dessa alteração na tubulina têm uma boa probabilidade de responder bem ao taxol, destacou Danilo Lopes.

“A partir da biópsia que é feita no paciente no início do diagnóstico, conseguimos logo caracterizar se a alteração da tubulina está alta ou baixa”, acrescentou o professor Helder Maiato. “Neste momento, já está sendo implementado um estudo clínico para validar esta alteração na tubulina como um biomarcador e iremos brevemente iniciar o processo de recrutamento de pacientes”, continuou o professor.

Este biomarcador permitirá aos clínicos utilizar o taxol de uma forma mais precisa, ou seja, de acordo com a resposta esperada do paciente, e, eventualmente, evitá-lo quando as hipóteses de sucesso são muito reduzidas.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade do Porto.

Fonte: Luísa Melo, i3S/Universidade do Porto.

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