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Em Portugal, pesquisadores descobrem método inovador para diagnosticar câncer renal
Uma equipe de pesquisadores e médicos do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) da Universidade do Porto e do Instituto Português de Oncologia do Porto Francisco Gentil (IPO Porto), identificou biomarcadores no plasma que podem permitir o diagnóstico precoce de carcinoma de células renais, a forma mais comum de câncer do rim. Uma descoberta que aumenta, significativamente, as probabilidades de os doentes receberem um tratamento no tempo adequado, com mais chances de levar à cura.
No estudo publicado na revista científica Cancers, os autores demonstraram como conseguiram, pela primeira vez, analisar a presença de microRNAs – pequenas moléculas de RNA que não levam à produção de proteínas, mas que estão envolvidas em múltiplos processos fisiológicos – em amostras de plasma de pacientes com câncer renal.
O pesquisadores conseguiram atingir este objetivo através da utilização de uma tecnologia de ponta utilizada para a quantificação de material genético, o digital droplet PCR (ddPCR), que é mais sensível, robusta, rápida e econômica do que as técnicas convencionais.
A detecção combinada no plasma de um aumento do microRNA hsa-miR-155-5p e de uma diminuição do microRNA hsa-miR-21-5p, moléculas que já foram detectadas previamente pela mesma equipe de pesquisadores em amostras de tecido, permitiu diagnosticar 82,66% dos pacientes com câncer renal, registando uma precisão acima dos 70%.
O trabalho, desenvolvido durante dois anos, incluiu 124 amostras de doentes com carcinoma de células renais e permitiu a identificação de tumores em estadio localizado (confinado ao órgão) com uma sensibilidade de quase 90%, o que poderia reduzir os falsos negativos, permitindo avançar com um tratamento (cirurgia) curativo. Foi possível, também, identificar os pacientes com o subtipo de carcinoma renal mais comum e um dos mais agressivos, o ‘carcinoma de células claras’, para o qual uma detecção precoce é de grande importância.
Resultados com aplicação clínica
Segundo José Pedro Sequeira, primeiro autor do artigo e mestre em Oncologia pelo ICBAS, “os resultados obtidos têm um grande potencial para serem aplicados na clínica”, acrescentando que “agora será necessário completar o estudo com mais amostras, com a sua realização em vários centros hospitalares e com populações diferentes para, posteriormente, se poder avançar com a utilização desta técnica para detecção precoce da doença”.
Para a Dra. Carmen Jerónimo, professora do ICBAS, diretora do Centro de Investigação do IPO-Porto e uma das principais responsáveis pela descoberta, este é um “estudo de translação, que poderá permitir a detecção de tumores renais numa fase muito inicial de desenvolvimento, aumentando a probabilidade de cura dos doentes e a sua esperança e qualidade de vida”.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Universidade do Porto.
Fonte: Begoña Pérez, ICBAS/Universidade do Porto.
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