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Especialistas alertam para a necessidade de buscar novos tratamentos para verminoses

Fonte

Agência FAPESP

Data

domingo. 3 julho 2022 11:50

Avanços na Biologia e na Química Medicinal, juntamente com maiores investimentos em pesquisa, fizeram com que algumas das principais doenças tropicais negligenciadas ganhassem candidatos promissores a novos tratamentos nos últimos anos. No entanto, as verminoses, que dentre essas enfermidades afetam mais pessoas no mundo em números absolutos, tiveram poucos avanços quando se trata de passar dos estudos in vitro para os ensaios pré-clínicos e clínicos.

Essa é uma das conclusões de um estudo publicado na revista científica Drug Discovery Today por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Guarulhos.

“Mais de um bilhão de pessoas no mundo são afetadas por verminoses, mas essas são as moléstias menos assistidas, mesmo entre as chamadas doenças negligenciadas. Apenas a esquistossomose tem 250 milhões de pessoas infectadas e conta com apenas um medicamento, enquanto as outras recebem mais recursos para buscar opções de tratamento”, destacou o Dr. Josué de Moraes, pesquisador apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) que coordena o Núcleo de Pesquisa em Doenças Negligenciadas (NPDN) da Universidade Guarulhos, e é um dos autores do artigo.

Em 2021, a Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou um plano de ação para erradicar ou controlar, até 2030, 20 doenças que afetam uma em cada cinco pessoas no mundo e matam cerca de 500 mil por ano, a imensa maioria pobre. Entre as metas está o desenvolvimento de novos medicamentos, uma vez que essas moléstias são caracterizadas pela falta de tratamentos eficazes e vacinas.

No estudo, os pesquisadores relatam que, apesar da histórica falta de inovação em fármacos para essas doenças, parcerias entre entidades públicas, privadas e iniciativas sem fins lucrativos têm financiado e acelerado a descoberta de possíveis novos medicamentos, usando estratégias modernas de Química Medicinal.

“As estratégias para desenvolvimento de fármacos passaram por profundas modificações nos últimos anos. No passado, fazia-se uma triagem aleatória, testando compostos em agentes infecciosos por tentativa e erro. Com o avanço da Química Medicinal e de ferramentas experimentais e computacionais, hoje é possível fazer uma triagem mais racional antes de realizar os ensaios na bancada”, explicou o Dr. Adriano Andricopulo, também coautor do estudo e professor do Instituto de Física de São Carlos (IFSC-USP) e pesquisador do Centro de Inovação em Biodiversidade e Fármacos (CIBFar).

“Uma das dificuldades de estudar as verminoses é cultivar os parasitas em laboratório. Enquanto tripanossomas e plasmódios [como o causador da malária] podem ser mantidos com mais facilidade, para os vermes é necessário ter roedores e caramujos, representando os hospedeiros definitivo e intermediário. Consequentemente, os estudos avançam muito mais para outros parasitas”, explicou o professor Josué de Moraes.

Por conta de dificuldades como essa, o pesquisador ressaltou que erradicar essas moléstias demanda, além do desenvolvimento de medicamentos, outras medidas de saúde pública, como diagnóstico, controle dos vetores de transmissão e saneamento básico universal. “As medidas devem ser múltiplas, não se consegue acabar com essas doenças apenas com o uso de medicamentos”, concluiu o pesquisador.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Agência FAPESP.

Fonte: André Julião, Agência FAPESP.

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