Destaque

Estudo inédito com ressonância magnética demonstra potencial de derivados de quitosana no tratamento de doenças infecciosas

Fonte

Embrapa Instrumentação

Data

sexta-feira. 9 dezembro 2022 16:05

Estudo realizado por pesquisadores da Embrapa Instrumentação (SP) e da Universidade de São Paulo (USP) demonstrou que um derivado anfifílico de quitosana tem grande potencial no tratamento tópico da candidíase vulvovaginal. A pesquisa fez uso inédito de diferentes técnicas de ressonância magnética nuclear (RMN) para investigar a estrutura e morfologia de materiais derivados de quitosana.

Substância anfifílica é uma macromolécula que apresenta uma parte hidrofílica, solúvel em água, e outra hidrofóbica, solúvel em gordura.

O derivado foi eficiente na produção de nanopartículas de quitosana, carregadas para liberação sustentada, que mantém a concentração constante por longo tempo, com o antifúngico clotrimazol. O processo demonstrou ser eficiente no tratamento da doença infecciosa.

A relevância da pesquisa levou William Marcondes Facchinatto a ser contemplado com o “Prêmio Tese Destaque USP – 11ª Edição”, que consagra as melhores teses de doutorado defendidas em 2021.

Apesar da disponibilidade de uma gama significativa de medicamentos antifúngicos e produtos tópicos, o controle da infecção nem sempre é eficaz e, por isso, novas abordagens são necessárias.

“Assim, a pesquisa abre novos caminhos para formas diferentes de liberação de drogas, tanto para uso em humanos, animais e até em plantas”, disse o Dr. Luiz Alberto Colnago, pesquisador da Embrapa Instrumentação e orientador de William Facchinatto no Programa de Pós-Graduação em Química do Instituto de Química de São Carlos (IQSC-USP).  O estudo foi premiado na área de Ciências Exatas e da Terra.

Vantagens e limitações

A tese abordou os ‘Estudos físico-químicos de quitosanas quimicamente modificados através da ressonância magnética nuclear de estado sólido: de propriedades às aplicações’. Parte do estudo foi realizado na Universidade do Porto, em Portugal.

No Brasil, o pesquisador desenvolveu as etapas experimentais no laboratório do Grupo de Materiais Macromoleculares e Fibras Lignocelulósicas (IQSC-USP) e nos laboratórios de RMN da Embrapa Instrumentação. Em Portugal, no Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S) e Instituto de Engenharia Biomédica (INEB), sob a orientação e coorientação dos professores Dr. Bruno Sarmento e Dr. José das Neves.

O estudo contou com importantes colaboradores, entre eles, o Dr. Sérgio Paulo Campana Filho (professor do IQSC/USP), o Dr. Eduardo Ribeiro de Azevedo (professor do IFSC-USP) e Dr. Tiago Bueno de Moraes (professor da Escola Superior de Agricultura ‘Luiz de Queiroz’, a ESALQ-USP).

Graduado em Farmácia, especialista em aplicações de RMN em alimentos, biomateriais e nutracêuticos, com dois pós-doutorados na Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, o Dr. Luiz Colnago explicou que a quitosana, um polímero linear obtido de fonte natural, bem como seus derivados, tem despertado grande interesse para diversas aplicações biomédicas.

“Isso se deve às suas características de mucoadesividade, biocompatibilidade e biodegradabilidade, e têm sido amplamente utilizadas para a produção de nanopartículas de prata estabilizadas com albumina para fins de liberação de fármacos”, observou o pesquisador com formação em Bioquímica e doutorado em Química. No entanto, a quitosana e a maioria de seus derivados são de natureza hidrofílica e podem não ser adequados para incorporar drogas altamente hidrofóbicas, como o clotrimazol.

Para resolver este problema, William Facchinatto sintetizou o derivado anfifílico de quitosana, que exibiu aspecto de automontagem em água, bem como alta capacidade de carga de drogas lipofílicas (afinidade por gorduras).

“O derivado foi utilizado como nanocarreador de clotrimazol para o tratamento tópico da candidíase vulvovaginal. O nanossistema apresentou liberação sustentada de fármaco independente do pH por até 48 horas, o que afetou tanto a atividade anticandida in vitro como a citotoxicidade”, constatou William Facchinatto, agora doutor em Ciências.

Os resultados da última parte do trabalho de doutorado foram publicados na revista científica Acta Biomaterialia.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Embrapa Instrumentação.

Fonte: Joana Silva, Embrapa Instrumentação.

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