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Imunossensor detecta presença de bactérias em mão humana
Pesquisadores da Unicamp e do Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI Renato Archer) desenvolveram um imunossensor eletroquímico capaz de detectar a presença da bactéria Staphylococcus aureus na pele da mão humana. A tecnologia foi criada no doutorado do cientista da computação Henri Alves de Godoy, realizado na Faculdade de Tecnologia de Limeira da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com resultados publicados na revista científica ACS Infectious Diseases.
O objetivo do dispositivo é contribuir para a redução de casos de infecção em ambientes hospitalares que, segundo dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), são responsáveis por mais de 45 mil mortes de brasileiros todos os anos.
O aparelho consiste em uma pequena plataforma feita de nanobastões de óxido de zinco – composto químico amplamente utilizado em imunossensores devido à sua biossensibilidade – e impregnada com um anticorpo contra o Staphylococcus aureus. Esse tipo de biossensor vem ganhando bastante espaço na Medicina. Um exemplo muito conhecido é o glicosímetro, que mede os níveis de glicose no sangue de forma rápida e precisa. No caso do imunossensor desenvolvido por Henri Godoy, aplica-se uma amostra líquida da bactéria, ou um swab – cotonete estéril – previamente friccionado na mão do profissional, na extremidade da plataforma. Os resultados são apresentados por meio de gráficos em um aplicativo de celular.
O imunossensor tem potencial de aplicação que vai desde a monitorização de superfícies e dispositivos hospitalares até dar suporte a programas de educação de profissionais da saúde quanto à forma correta de higienizar as mãos. “Uma possibilidade seria, no futuro, distribuir totens com esses equipamentos nos hospitais, da mesma forma com que foi disponibilizado álcool em gel durante a pandemia. Dessa forma, seriam apresentadas informações ao usuário de maneira mais amigável, como uma luz vermelha ou verde, para que o profissional possa verificar a presença das bactérias com mais facilidade e rapidez”, exemplificou o pesquisador.
O desenvolvimento de um dispositivo prático para a detecção de Staphylococcus aureus no ambiente hospitalar foi proposto pelo nefrologista Dr. Rodrigo Bueno de Oliveira, professor da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp. Em sua prática profissional, o médico observou uma frequência alta de infecções causadas por essas bactérias devido ao emprego de cateteres utilizados como via de acesso vascular em sessões de hemodiálise. Com isso em mente, o Dr. Rodrigo Oliveira entrou em contato com o engenheiro eletricista Dr. Rangel Arthur, professor da Faculdade de Tecnologia de Limeira e orientador de Henri Godoy, propondo a elaboração de uma tecnologia que reunisse conhecimentos de engenharia, química e informática.
Os experimentos realizados em laboratório confirmaram a sensibilidade do dispositivo para a detecção de uma faixa que vai de mil bactérias por mililitro – nível considerado normal – até 100 milhões de bactérias por mililitro, em um tempo de até 30 minutos. Embora ainda demande um período de espera, esse é um avanço em relação aos métodos tradicionais de detecção de bactérias, que demoram entre 24 horas e 7 dias para apresentar o resultado da cultura celular. O Dr. Rodrigo Oliveira explicou que o aparelho continua em fase de protótipo e que a ideia é aprimorá-lo para apresentar resultados em menos tempo e com uma faixa de aplicações maior.
“Além da análise de mãos, poderiam ser feitas avaliações de instrumentais cirúrgicos ou de medidas de assepsia de uma equipe de saúde”, comentou o professor Rodrigo Oliveira. “A tecnologia ainda pode ser adaptada para outras bactérias que também causam infecções hospitalares, como as gram negativas, que são um grande problema na medicina atual. Por exemplo, ao se conhecer a epidemiologia de um centro hospitalar, seria possível adaptar o dispositivo para detectar as principais bactérias que causam infecções naquele local”, concluiu o professor.
Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).
Acesse a notícia completa na página do Jornal da Unicamp.
Fonte: Paula Penedo, Jornal da Unicamp.
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