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Mais de 80% das vacinas contra a COVID-19 foram aplicadas em países ricos; número de casos volta a crescer com relaxamento de cuidados
Cerca de 4,5 bilhões de vacinas contra a COVID-19 já foram aplicadas no planeta. Mas apesar do avanço da vacinação no mundo, ela está acontecendo de uma forma bastante desigual. Além disso, os países ricos que vacinaram a maioria de sua população e relaxaram nos cuidados contra o SARS-CoV-2 voltaram a ter crescimento no número de casos da doença. As conclusões são do presidente do Instituto Butantan, Dr. Dimas Covas, médico hematologista e professor titular de Medicina Clínica da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP), e fazem parte da vídeo-aula online “A pandemia e a vacinação no Brasil e no mundo”:
“Mais de 80% das vacinas foram aplicadas em países ricos ou de renda média, e menos de 1% nos países pobres. Esse é um outro problema que precisamos discutir mais à frente e podemos mencionar qual a importância disso no combate à pandemia”, afirmou o Dr. Dimas. No Reino Unido, 78% da população tomou duas doses da vacina e 70%, uma dose. Em Israel, 62% dos habitantes tomaram duas doses. Nos Estados Unidos, esse número chega a 50%. Por outro lado, se juntarmos a vacinação total de Nigéria, Sudão, Afeganistão, Quênia, Iraque, Gana, Moçambique, Angola, Egito, Bangladesh e Vietnã, ainda assim estaríamos longe de chegar aos números dos países desenvolvidos: enquanto os Estados Unidos vacinaram mais de 195 milhões de pessoas, o Sudão vacinou 627 mil.
É justamente para mudar o combate à pandemia no mundo, especialmente nos países em desenvolvimento, que o Instituto Butantan está investindo na Butanvac, vacina contra a COVID-19 que será inteiramente produzida no Brasil. Ela tem baixo custo, não depende de insumo importado e usa a técnica do vírus inativado, que é extremamente segura. A vacina é produzida a partir da inoculação do vírus em ovos embrionados, a mesma da vacina da gripe, uma das tecnologias de fabricação de imunizantes mais difundidas do mundo, especialmente nos países em desenvolvimento.
Ao se referir à América do Sul, o Dr. Dimas Covas explicou que 65% da população do Chile recebeu as duas doses da vacina e mais de 70% recebeu uma dose. Na Argentina, 19% dos habitantes tomaram as duas doses, e a maior parte da população (60%) foi vacinada com apenas uma dose. No Brasil, 21% das pessoas já completaram o esquema vacinal, mas 31% foram imunizados apenas uma vez.
O presidente do Instituto Butantan lembrou que, recentemente, países da Europa e da Ásia, que tiveram uma queda das infecções e mortes por COVID-19 com a expansão da vacinação, começaram a observar um novo aumento no número de casos. “Aconteceu em Israel, França, Estados Unidos. É um exemplo claro do que pode vir a acontecer no Brasil. Esse aumento de casos observados nesses países com elevado percentual de pessoas vacinadas aconteceu por causa da entrada da variante delta. Lá também aconteceram os movimentos de abandono das medidas de restrição ao vírus, como máscara, e abertura das atividades”, completou o gestor.
A variante delta já está em circulação no Brasil e se vier a dominar, em relação à variante gama, pode mudar a curva epidemiológica e o número de casos. “Não se espera que o mesmo aconteça no número de óbitos e internações em UTI porque as vacinas têm uma proteção, principalmente nesses dois fatores”, tranquilizou o diretor.
De acordo com o último boletim epidemiológico da Rede de Alerta das Variantes do SARS-CoV-2, as variantes mais incidentes no estado de São Paulo, até o momento são a gama, P.1, da Amazônia (89,82%), seguida pela variante P.1.2 (4,22%) e a alfa, B1.1.7, da Inglaterra (2,49%).
Acesse a notícia na página do Instituto Butantan.
Fonte: Instituto Butantan.
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