Destaque

Melatonina pode reverter danos do desmame precoce

Fonte

CAPES | Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

Data

quinta-feira. 10 março 2022 15:10

Biomédico formado pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Marcos Aurélio Santos da Costa concluiu o mestrado pela mesma instituição. O pesquisador estudou os efeitos da melatonina sobre o duodeno. O resultado de dissertação foi publicado na revista científica Journal of Morphological Sciences.

Como Bolsista em Destaque, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) entrevistou Marcos Aurélio:

CAPES: O que o motivou a estudar a melatonina?
Marcos Aurélio da Costa: O fato da melatonina ser um hormônio com várias funções, além de induzir o sono, me fez pensar se essa molécula poderia reverter ou diminuir os danos do desmame precoce. A partir dessa pergunta, fui ler inúmeros artigos científicos e escrevi o projeto de pesquisa que no futuro seria minha dissertação.

CAPES: Qual o efeito da produção da melatonina no desmame precoce?
Marcos Aurélio da Costa: O aleitamento materno deve ser feito, de forma exclusiva, durante os primeiros seis meses de vida do recém-nascido. Porém está ocorrendo uma prática social que é o desmame precoce, a retirada abrupta do leite materno com a ingestão de alimento sólido. O desmame precoce afeta o organismo como um todo, inclusive o intestino. Na minha dissertação eu busquei avaliar o efeito da melatonina exógena (isto é, uma dose dada de modo complementar além da já produzida pelo corpo humano) no duodeno. Visto que o desmame precoce diminui a altura das vilosidades assim como a profundidade das criptas intestinais, eu avaliei, de forma morfológica, se a melatonina revertia esses danos.

CAPES: Quais os resultados encontrados?
Marcos Aurélio da Costa: Foi visto que a melatonina reverteu os danos a nível morfológico do desmame no duodeno como as áreas das vilosidades e das criptas intestinais, mostrando assim a importância do leite materno.

CAPES: A melatonina é fundamental, então, no aleitamento materno?
Marcos Aurélio da Costa: Por ser um hormônio produzido pela glândula pineal, a melatonina é distribuída por todo o organismo. Não diferente dos demais hormônios, a melatonina é encontrada no leite materno e possui a função crucial de passar para o bebê a noção do ciclo circadiano (claro e escuro).

CAPES: Você pode explicar o que são a melatonina e o ciclo circadiano?
Marcos Aurélio da Costa: A melatonina é um hormônio que é produzido, majoritariamente, na glândula pineal e só é liberada na fase escura no ciclo circadiano (claro-dia e escuro-noite), isto é, na parte da noite. Já é encontrado na literatura que a melatonina é muito mais que o “hormônio do sono’’. Na literatura experimental, a mesma possui a função de proteção de diversos órgãos como testículos, estômago, intestino, rins, fígado e neurônios.

CAPES: Quais outras características da melatonina você estudou?  
Marcos Aurélio da Costa: A melatonina possui o caráter anfifílico, isto é, apresenta características hidrofílicas e hidrofóbicas, promovendo assim uma facilidade no transporte pela membrana celular, antioxidante (evita o estresse celular) e, através dessas características, a mesma possui a função de proteger os órgãos frente a alguma doença. Vale ressaltar que tudo varia de patologia para patologia. Às vezes, a melatonina é utilizada como um adjuvante, ou seja, ela é usada juntamente com outro fármaco. Em nível experimental, já foi visto que a melatonina juntamente com a metformina (fármaco antidiabético) deu um bom resultado em animais com ovário policístico.

CAPES: Qual a importância da sua pesquisa para a sociedade?
Marcos Aurélio da Costa: Visto que a melatonina foi autorizada pela Anvisa ano passado (2021), a mesma poderá ser utilizada em estudos clínicos, já que há muitos estudos pré-clínicos. Então a minha pesquisa, apesar de ser pesquisa básica, servirá como base para pesquisas clínicas. Será que no futuro teremos fórmulas de leite suplementadas com melatonina? Vale ressaltar que outros estudos devem ser feitos, não só  para avaliar o efeito a curto prazo, mas também em outras idades, para ver se os efeitos da melatonina valem para jovens e adultos.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da CAPES.

Fonte: Brasília, Redação CCS/CAPES.

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