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Novo Centro de Ciência Translacional abrigado no Cevap/Unesp vai contribuir para soberania nacional na produção de biofármacos
A criação do Centro de Ciência Translacional e Desenvolvimento de Biofármacos, abrigado no Centro de Estudos de Venenos e Animais Peçonhentos da Unesp (Cevap), em Botucatu, representa o êxito de uma política de estado para o desenvolvimento da ciência e da tecnologia em São Paulo, e vai cumprir um papel estratégico para a soberania nacional em um futuro próximo.
Essa visão deu a tônica das manifestações de cientistas e de autoridades durante o evento de lançamento do centro, que ocorreu no último dia 10 de abril no Cevap. O novo centro faz parte do programa dos Centros de Ciência para o Desenvolvimento (CCD), criado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) com o intuito de promover o avanço científico com vistas ao incremento de políticas públicas e à resolução de problemas sociais conhecidos, alvos da chamada pesquisa translacional.
O financiamento deste CCD-FAPESP é de R$ 10 milhões, a serem investidos em um período de cinco anos, e está alinhado a um conjunto de iniciativas que gravita em torno da fábrica de produção de amostras de biofármacos para pesquisas clínicas que está em construção na Fazenda Experimental do Lageado, em terreno vizinho ao Cevap.
A construção, que deve ser entregue até o início do ano que vem, foi concebida para ajudar a produção de biofármacos na travessia do chamado ‘vale da morte’, apelido dado à etapa de desenvolvimento de novos produtos que separa a pesquisa básica da aplicação clínica. É nesta fase que terminam por fracassar muitos estudos promissores, em função da ausência de espaços adequados para a condução de testes clínicos iniciais que possam atestar a viabilidade da produção daquele biomedicamento em escala industrial. Os biofármacos são provenientes de estudos com moléculas com poder terapêutico ou preventivo, que resultam em vacinas, soros e anticorpos monoclonais (classe de biofármacos que mais cresce no mercado nos últimos anos).
“Estas substâncias têm um importante papel estratégico de segurança nacional, como ficou muito bem demonstrado durante a pandemia. Quem produz vacinas atende primeiro seus interesses nacionais, os seus amigos e depois os outros compradores. Portanto, desenvolver competência nessas questões é uma questão de segurança nacional”, afirmou o Dr. Marco Antonio Zago, presidente da FAPESP, , durante o evento em Botucatu. “O Instituto Butantan tem uma linha de produção que não pode ser interrompida a cada momento para testar novos produtos potenciais que precisam ser produzidos num volume moderado (…) para que eles possam ser usados em testes clínicos, testados e validados. Então isso é fundamental, e é aqui que entra o Cevap. Nós estamos, pois, desenvolvendo o arcabouço de uma estrutura produtiva no estado para dar vazão ao trabalho de qualidade que se desenvolve em numerosos laboratórios”, disse o gestor.
O mercado global de biofármacos movimenta anualmente cerca de US$ 300 bilhões (cerca de R$ 1,5 trilhão) e é dominado por produtos biológicos importados, com demanda crescente no Sistema Único de Saúde (SUS) para doenças como Alzheimer, câncer, artrite reumatoide e outras doenças autoimunes. De acordo com o estudo ‘Biofármacos no Brasil’ (2018), liderado pelo Dr. Mário Sérgio Salerno, professor da Escola Politécnica da USP (EPUSP) para o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), embora seja complexa e necessite de muitos recursos, a pesquisa (e o posterior desenvolvimento) de biofármacos no Brasil tem de ser articulada como foco de políticas públicas, pois os altos custos de importação desses medicamentos têm diversos efeitos econômicos e de saúde pública. “O sistema público de saúde e os atores financeiros estatais (Finep, BNDES, Ministério da Saúde, MCTI) têm papel decisivo e precisam cumpri-lo”, indicaram os autores do estudo.
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Fonte: Fabio Mazzitelli, Jornal da Unesp.
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