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Pesquisa investiga substância psicodélica extraída de sapos como esperança para novo ansiolítico
Considerando que psicodélicos podem criar novos caminhos para conexões neurais no cérebro, uma nova pesquisa liderada pela Dra. Margareth Nogueira – pesquisadora do Laboratório de Neurodinâmica do Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) – se aproveitou da substância 5-MeO-DMT, encontrada no sapo Bufo alvarius (sapo bufo), para verificar seus efeitos em ratos de laboratório.
Os resultados foram publicados na revista científica Molecular Psychiatry.
O trabalho mostrou a possibilidade de gerar efeito ansiolítico com o psicodélico, que chegou a durar cinco dias após a sua aplicação. Além disso, a pesquisa verificou outros mecanismos moleculares envolvendo a substância.
Para realizar o estudo sobre esses mecanismos, a Dra. Margareth Nogueira investigou a expressão de oito genes do organismo dos ratos, observando como se adaptariam à substância, a partir da aplicação do 5-MeO-DMT. São eles: Arc, Zif268, BDNF, CREB, mTORC1, NR2A, TRIP8b e NFkB. Em paralelo a isso, os pesquisadores motivaram estresse agudo nos animais e, logo depois, filmaram os animais no campo aberto e labirinto em cruz elevada — assim, checaram como o psicodélico poderia atuar como ansiolítico e ansiogênico nos organismos.
Na análise dos genes, houve aplicação da técnica de microdissecção por laser (Laser Capture Microdissection). Isso permitiu que fossem investigadas áreas do cérebro do camundongo. Já a técnica do RT-qPCR (que ganhou atenção quando começaram os testes de detecção de COVID-19) foi usada para análise do RNA nos camundongos. A Dra. Margareth Nogueira e a Dra. Daiane Golbert, também pesquisadora do Laboratório de Neurodinâmica do Instituto do Cérebro da UFRN, já tinham conseguido progresso com o uso desse método de transcrição reversa e ampliação molecular.
O trabalho contou com a orientação da Dra. Katarina Leão, do Laboratório de Atividade Neuronal e Audição, e do Dr. Richardson Leão, do Laboratório de Neurodinâmica do Instituto do Cérebro da UFRN.
Avanços com o 5-MeO-DMT
O artigo científico é o primeiro a refutar um aumento geral da plasticidade no cérebro — capacidade de mudança de expressão dos genes – conforme as alterações do ambiente em que vive. Essa característica de adaptação, induzida pelo psicodélico, levou a uma análise sobre o mecanismo de ação da substância, que precisa de mais estudos sobre outras doenças.
Por isso, ao falar sobre a plasticidade, a Dra. Katarina Leão é taxativa: “Estamos mostrando efeitos bem específicos no hipocampo [área do cérebro] e demonstrando que não há um aumento geral de genes relacionados à plasticidade com o uso de 5-MeO-DMT. Portanto, é difícil especular sobre outras condições neurológicas”, expôs a pesquisadora.
Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Fonte: Jefferson Tafarel, Agecom/UFRN.
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