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Pesquisa revela pistas sobre por que células imunológicas parecem causar danos cerebrais
No sistema nervoso central humano, existem células que – para a maioria das pessoas, na maioria das vezes – fornecem importante proteção imunológica ao cérebro e à medula espinhal. Ocasionalmente, essas células da micróglia podem atuar de maneira errada, levando a doenças neurodegenerativas como a esclerose múltipla e Alzheimer.
Mas em um estudo recente, pesquisadores da Universidade de Alberta, no Canadá, encontraram novas informações sobre como essas células imunes mudam e respondem a lesões – uma descoberta que pode ajudar na busca de maneiras de proteger o cérebro humano quando essas células ficam ‘ruins’.
“Sabemos que, sob certas condições, a micróglia é profundamente importante para a regeneração – e também sabemos que, sob outras condições, podem ter propriedades aparentemente neurotóxicas”, disse o Dr. Jason Plemel, professor de Neurologia na Faculdade de Medicina e Odontologia da Universidade de Alberta.
O Dr. Jason Plemel e sua equipe estão procurando maneiras de direcionar a resposta imune do sistema nervoso central para minimizar tais danos: “Nosso laboratório está estudando o yin e o yang da micróglia – estamos realmente tentando entender se e como a micróglia se torna neurotóxica”.
Entendendo o comportamento das células imunes
No estudo, o laboratório do professor Plemel estava tentando descobrir como a micróglia se comporta quando a desmielinização – ou seja, danos à mielina, o material isolante que reveste a maioria dos neurônios – é induzida quimicamente em modelos animais. A esclerose múltipla é uma doença desmielinizante.
Pesquisas anteriores mostraram que a micróglia desempenha um grande papel na desmielinização. De fato, nesse tipo de modelo, desde os primeiros estágios, se você se livrar da micróglia por completo, não ocorre desmielinização.
Mas isso é apenas parte da história, explicou o professor Jason Plemel, porque o papel da micróglia é complexo.
“Vimos que, quando removemos a micróglia em estágios posteriores, não há alteração na desmielinização. E a micróglia está respondendo quase exclusivamente à lesão e se comporta da maneira que pensamos que as células imunes respondem. Elas consomem detritos e células líticas, células que morreram de forma inflamatória, nesse modelo doente”, disse o pesquisador.
No estudo, os pesquisadores também compararam a micróglia no modelo de lesão da Esclerose Múltipla com aquelas que haviam sido descritas em pesquisas anteriores sobre um modelo de doença de Alzheimer e descobriram que “elas se parecem muito”. “Isso nos diz que as células imunes da micróglia presentes na lesão da substância branca da Esclerose Múltipla têm estados e funções características semelhantes às da doença de Alzheimer”, observou o professor.
Apontando o caminho para os tratamentos
O Dr. Jason Plemel disse que é geralmente aceito que as células imunológicas podem ser neurotóxicas, mas ele não acha que isso tenha sido totalmente comprovado. Ao continuar o estudo aprofundado da micróglia, ele espera ser capaz de identificar atributos ou propriedades tóxicas – e “talvez tornar a micróglia neurotóxica menos prejudicial”.
“O que isso significa para as pessoas com Esclerose Múltipla é que, se as células imunológicas de seus cérebros se tornassem tóxicas sob certas condições, essa pesquisa poderia indicar uma nova maneira de proteger seus cérebros contra danos”.
O estudo foi publicado na revista científica Molecular Neurodegeneration.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Universidade de Alberta (em inglês).
Fonte: Ramona Czakert Franson, Universidade de Alberta.
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