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Pesquisadores do ICB-USP testam molécula inédita capaz de inibir a progressão da leucemia

Pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) testaram uma nova molécula capaz de inibir a progressão do ciclo celular da leucemia — câncer sanguíneo causado pela reprodução descontrolada dos glóbulos brancos na medula óssea.

O estudo, publicado na revista científica Toxicology in Vitro, mostrou que o novo composto foi eficaz em combater as células leucêmicas sem apresentar toxicidade nas saudáveis. O trabalho possui apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Inédita, a molécula C2E1 foi sintetizada pelo grupo de pesquisa liderado pelo cientista Dr. Fernando Coelho, professor titular do Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas (IQ-Unicamp), e funciona como inibidora da tubulina, uma proteína que constitui os microtúbulos.

Componentes do citoesqueleto celular, essas estruturas têm um papel fundamental no processo de mitose — divisão em que são formadas duas células a partir de uma —, pois atuam na distribuição do material genético entre a célula ‘original’ e a que está sendo formada. Dessa forma, ao inibir a tubulina, o composto interrompe a multiplicação das células cancerosas, impedindo o avanço da leucemia.

“O meu trabalho já envolvia o estudo dos esqueletos dos microtúbulos como alvo farmacológico para leucemia. Quando recebemos esse composto do professor Coelho, que sugeriu uma possível interação com a tubulina, resolvemos elucidar esse mecanismo e entender seus efeitos celulares e moleculares”, contou o doutorando Hugo Passos Vicari, primeiro autor do estudo.

Os testes, realizados in vitro — em laboratório, com células cultivadas fora de organismos vivos —, mostraram que a molécula foi eficaz em eliminar as células cancerosas e impedir sua proliferação em 21 dos 25 modelos celulares testados. Além disso, o estudo confirmou a não-toxicidade em células saudáveis do sangue, o que sugere um potencial para menos efeitos colaterais em um possível fármaco no futuro.

Segundo Hugo Vicari, o estudo envolveu diferentes testes, expondo células de leucemia aos compostos. “A princípio, verificamos se o composto apresentava o efeito tóxico capaz de matar as células, chamado de citotoxicidade. Depois, observamos se ocorreu de fato a apoptose [morte celular]. Por último, constatamos se houve interrupção no ciclo de divisão celular, processo que chamamos de catástrofe mitótica.”

Foram testados diversos modelos celulares com características distintas. Foi observada a efetividade do composto em diversas variações da doença, da leucemia linfoblástica aguda, mais comum em crianças e jovens adultos, à leucemia mieloide aguda, mais comum em adultos a partir dos 60 anos. Medicamentos são ainda mais importantes para essa última faixa etária, que é inelegível para transplante de medula óssea, a única cura para a leucemia.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página do Instituto de Ciências Biomédicas da USP.

Fonte: Felipe Parlato, Nucom-ICB.

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