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Pesquisadores publicam artigo de revisão sobre bactéria da tuberculose

Fonte

UFC | Universidade Federal do Ceará

Data

sexta-feira. 20 novembro 2020 11:10

Artigo de revisão científica sobre a bactéria responsável pela tuberculose foi publicado recentemente na revista científica Coordination Chemistry Reviews.

No artigo, o professor Dr. Eduardo Henrique Silva de Sousa, do Programa de Pós-Graduação em Química (PGQUIM) da Universidade Federal do Ceará (UFC), em parceria com o Dr. José Moura, professor da Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, apresenta mecanismos-chave de ação da bactéria Mycobacterium tuberculosis (MTB), que podem ajudar a explicar como se comporta a doença e identificar potenciais novos fármacos para o tratamento.

Ainda que evidências apontem a coexistência de humanos com a bactéria responsável pela tuberculose há cerca de 6 mil anos, ela segue como um problema atual por sua alta capacidade de adaptação, persistência e resistência a ambientes pouco favoráveis à sua sobrevivência. Como consequência disso, tem-se a infecção atualmente de um quarto da população, na forma latente e assintomática, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

O artigo ressalta como uma condição que dá à Mycobacterium tuberculosis essa maior sobrevivência, tornando difícil sua eliminação, a capacidade que tem de se desenvolver enclausurada em estruturas chamadas granulomas, criadas pelo organismo humano como uma estratégia de defesa. Nessas estruturas, há uma diminuição da disponibilidade de oxigênio e nutrientes, o que deveria levar à morte da MTB, que é aeróbica obrigatória (dependente de oxigênio).

Entretanto, ao perceber a queda gradual do oxigênio, ela entra em um estado de dormência, caracterizado por um “desligamento” intencional do metabolismo, levando a uma replicação celular mínima ou nula (daí a ser um estado chamado por pesquisadores também de forma non-replicant persistent, ou “forma persistente e não replicante”), podendo permanecer no organismo humano adormecida por décadas, inclusive tornando-se menos sensível a medicamentos.

Além disso, mesmo o óxido nítrico (NO), composto normalmente usado pelo corpo para tentar eliminar a bactéria, acaba servindo como fonte nutricional para ela, que o utiliza na forma de nitrito e nitrato, importantes para diferentes etapas de seu desenvolvimento.

Entender como se dá esse processo de dormência, portanto, torna-se essencial para combater a doença. “Um dos maiores desafios para a tuberculose, uma pandemia mundial que mata mais de 1 milhão de pessoas por ano, é também ter formas terapêuticas para eliminar a bactéria dormente. A erradicação deverá passar pela capacidade de eliminarmos plenamente a bactéria dormente”, explicou o professor Eduardo Henrique.

O que auxilia a Mycobacterium tuberculosis a entrar no estado de dormência são sensores que detectam a queda dos níveis de oxigênio e levam às suas modificações metabólicas, uma vez que ela é enclausurada nos granulomas. Dois desses sensores são as proteínas DevS e DosT, inclusive já analisadas bioquimicamente no PGQUIM, de forma pioneira.

A pesquisa aponta, porém, que há outras proteínas que podem contribuir com essa ação da bactéria, respondendo tanto ao oxigênio como ao óxido nítrico, ou envolvidas ainda no metabolismo de nitrito e nitrato. O estudo aprofundado dessas proteínas deve ser um passo importante para o desenvolvimento de novos fármacos que ataquem o processo de dormência, ameaçando a sobrevivência da MTB.

“O que descrevemos é uma série de proteínas envolvidas nesse processo-chave de dormência da MTB, e como compreender esse processo através dessas proteínas pode ser importante para planejarmos novas estratégias terapêuticas”, concluiu o professor Eduardo Henrique.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da UFC.

Fonte: Universidade Federal do Ceará.

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