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Pesquisadores trabalham na identificação de soluções para pacientes que apresentam resistência à quimioterapia
A quimioterapia, abordagem terapêutica que utiliza medicamentos para destruir as células doentes que formam um tumor, pode não ser um método eficiente para muitos pacientes com câncer, que não respondem bem ao tratamento. Isso acontece porque alguns organismos desenvolvem resistência aos fármacos, condição chamada de fenômeno de resistência a múltiplas drogas (MDR) em câncer.
Comumente, essa resistência é associada a uma alteração molecular que aumenta a expulsão da droga na célula por uma classe de proteínas pertencentes à família dos transportadores ABC. Esse tipo de proteína atua transportando diversas substâncias por meio da membrana celular. Nas células saudáveis, os transportadores ABC conduzem sais biliares, colesterol, entre outras funções. Contudo, eles também têm papel importante na detoxificação de drogas nas células, isto é, o processo de ‘limpar’ as toxinas do organismo.
Essas proteínas são capazes de retirar as moléculas das drogas quimioterápicas do meio intracelular, transportando-as para fora da célula. Assim, há constante expulsão dos fármacos, não sendo possível alcançar uma quantidade intracelular da droga que seja tóxica para as células cancerígenas. Na MDR, os pacientes desenvolvem resistência não apenas ao medicamento que estão ingerindo, mas a vários tipos diferentes de medicamentos.
Diversas proteínas da família dos transportadores ABC são capazes de induzir essa resistência a múltiplas drogas nas células cancerígenas, como a glicoproteína-P (P-gp), MRP1 (multidrug resistance-associated protein 1) e ABCG2 (ou BCRP, breast cancer resistance protein). O desenvolvimento de inibidores desses transportadores, portanto, representa a principal estratégia para sensibilizar células cancerígenas ao tratamento quimioterápico. Nas últimas décadas, grandes esforços têm sido investidos na identificação de inibidores dos três principais transportadores ABC.
Segundo o Dr. Glaucio Valdameri, um dos coordenadores do Laboratory of Cancer Drug Resistance (LCDR) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), a literatura sugere que o principal transportador ABC responsável pela resistência é a glicoproteína-P, seguido do transportador ABCG2. “Até o momento, nenhum teste clínico foi realizado com inibidores do transportador ABCG2. Os testes clínicos utilizando inibidores específicos da glicoproteína-P, na maioria dos casos, apresentaram resultados insatisfatórios. O principal motivo da falha clínica está associado ao fato de que diferentes tipos de câncer aumentam significativamente ambos os transportadores: glicoproteína-P e ABCG2. Além disso, os dois tipos são capazes de transportar uma grande quantidade de quimioterápicos”, explicou o pesquisador.
Por isso os pesquisadores acreditam ser urgente o desenvolvimento de inibidores específicos do transportador ABCG2 para testes clínicos. Esse é o objetivo de um projeto contemplado pela Chamada Pública “Programa Pesquisa para o SUS: Gestão Compartilhada em Saúde”, da Fundação Araucária. O estudo, conduzido pelo Dr. Glaucio Valdameri e pela professora Dra. Vivian Rotuno Moure, também coordenadora do LCDR, tem o objetivo de identificar novos inibidores do transportador ABCG2 e caracterizar o mecanismo bioquímico e molecular dos melhores inibidores.
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Fonte: Jéssica Tokarski, UFPR.
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