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Por que algumas pessoas são afetadas mais severamente do que outras por infecções estreptocócicas invasivas?
Por que algumas pessoas são afetadas mais severamente do que outras por infecções estreptocócicas invasivas? De acordo com um novo estudo da Universidade Lund, na Suécia, a resposta está no genoma. Os portadores de uma determinada variante do gene STING correm maior risco, principalmente se encontrarem as cepas bacterianas que aumentaram no mundo ocidental desde a década de 1980. As descobertas, publicadas na revista científica Nature Communications, podem abrir caminho para melhores tratamentos nos casos em que o desenvolvimento da doença costuma ser rápido e fatal.
Os estreptococos (Streptococcus) do grupo A são bactérias bastante comuns que podem causar, entre outras coisas, infecções na garganta ou impetigo. No entanto, se a bactéria se tornar invasiva, a situação pode se tornar muito perigosa. Neste caso, o nome às vezes muda para bactérias assassinas ou bactérias ‘comedoras de carne’ e pode dar origem a condições com risco de vida, como envenenamento do sangue e choque séptico, ou infecções de tecidos moles, que podem tornar necessária uma amputação.
As infecções estreptocócicas invasivas aumentaram nas últimas décadas. A razão para isso ainda não é totalmente compreendida. O resultado das infecções pode variar consideravelmente e ainda não se sabe por que certos indivíduos infectados desenvolvem condições com risco de vida, enquanto outros não.
“Nossa hipótese era que dependia de uma interação entre os genes nas pessoas e nas bactérias. Muito pouco se sabia sobre como diferentes variantes de genes nas bactérias e no nosso sistema imunológico interagem e afetam o resultado de doenças infecciosas”, disse o Dr. Fredric Carlsson, pesquisador em Biologia de Infecções na Universidade Lund.
Juntamente com colegas da Universidade Lund, do Instituto Karolinska, também na Suécia, e da Escola Médica de Harvard, nos Estados Unidos, entre outros colaboradores, sua equipe de pesquisa estudou nos últimos cinco anos os mecanismos biológicos fundamentais que explicam como a bactéria estreptococo potencialmente agressiva afeta as pessoas.
A hipótese dos pesquisadores se mostrou correta – os genes são diferentes e isso afeta o risco de desenvolver doenças graves. Os resultados fornecem uma explicação molecular de como os estreptococos do grupo A dão origem a inflamações que degradam os tecidos e ameaçam a vida.
O estudo também mostrou como a gravidade de uma infecção depende da interação entre um gene – STING – no sistema imunológico e uma enzima encontrada nas bactérias que se tornaram mais prevalentes no mundo ocidental desde a década de 1980. Isso explica por que algumas pessoas são mais severamente afetadas do que outras.
Uma pessoa com a variante genética ‘má’ do gene STING tem um risco de 20% de ter um membro amputado no caso de uma infecção invasiva pelas bactérias mais agressivas. Para pessoas com a variante ‘boa’ do gene, o risco é de apenas 3%. A percentagem de pacientes que sofrem de choque séptico também difere dependendo da interação entre as variantes STING e a atividade enzimática da bactéria.
“A diferença se deve a uma combinação única de material genético do hospedeiro e do patógeno. Isto se deve em parte ao fato de que o sistema imunológico de pessoas com uma determinada variante do gene STING desencadeia uma resposta inflamatória equivocada e perigosa. O outro fator é que o resultado também depende de estarmos infectados pelas bactérias que são mais agressivas porque possuem uma variante muito ativa da enzima NADase. Por outro lado, a ativação normal do sistema imunológico devido a outra variante do STING e a menor atividade enzimática bacteriana estão associadas à proteção”, disse o Dr. Fredric Carlsson.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Universidade Lund (em inglês).
Fonte: Universidade Lund.
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