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Primeiro caso mundial de reinfecção pelo novo coronavírus com mutação E484K exige atenção

Fonte

UFMG | Universidade Federal de Minas Gerais

Data

segunda-feira. 18 janeiro 2021 07:45

O primeiro caso no mundo de reinfecção por COVID-19 por meio de mutação originária da África do Sul, observado no fim de 2020 em paciente brasileira, foi confirmado em análise feita por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), do Instituto D´Or de Pesquisa e Ensino (IDOR) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). De relevância imediata, a descoberta pode ter grandes implicações para as políticas públicas de saúde, estratégias de vigilância e imunização, como alertam os autores do artigo Genomic evidence of a SARS-CoV-2 reinfection case with E484K spike mutation in Brazil, publicado no início deste mês em versão preprint. O material aguarda revisão por pares da revista científica The Lancet Infectious Diseases.

No dia 12 de janeiro, um dos responsáveis pela pesquisa, o professor e virologista Dr. Renato Santana, do Laboratório de Biologia Integrativa do ICB da UFMG, acompanhou uma reunião com a Organização Mundial da Saúde (OMS) na qual pesquisadores de todo o mundo abordaram a importância das variantes virais. “O Brasil teve, inclusive, uma posição de destaque nessa conversa, por ser um dos únicos países que têm identificado algumas variantes. Além de termos descoberto também essas mutações virais que estão sendo observadas internacionalmente, como a da Inglaterra, a N501Y, e essa da África do Sul, a E484K”, afirmou o professor.

O estudo desenvolvido pelo Dr. Renato Santana e seus colegas acompanhou o caso clínico de uma paciente 45 anos, moradora de Salvador, sem comorbidades, que se destacou como o primeiro caso de reinfecção por SARS-CoV-2 no Estado da Bahia. Diagnosticada com COVID-19 em 20 de maio, a baiana voltou a ter a doença registrada em 26 de outubro, dessa vez com sintomas um pouco mais severos. Os dois diagnósticos foram confirmados por testes do tipo RT-PCR. Quatro semanas após o segundo episódio, a paciente passou também por um teste de IgG com confirmação de anticorpos.

Por meio da análise genômica das cepas isoladas em laboratório do primeiro e do segundo episódios de infecção, os pesquisadores puderam comparar os dados entre si e com outras sequências de vírus isolados no Brasil e no mundo. Essas análises permitiram concluir que a paciente apresentou, em um intervalo de 147 dias, dois episódios de COVID-19, cada um provocado por vírus de linhagens diferentes. A análise da segunda amostra confirmou a presença da cepa E484K.

Perigos

A mutação descrita foi identificada na África do Sul em outubro, e, no mesmo mês, também começou a circular no Brasil, com registro inicial no Rio de Janeiro e, mais recentemente, em casos de Manaus. Mas o caso baiano foi o primeiro, em todo o mundo, no qual ela foi associada a uma reinfecção por SARS-CoV-2. E essa variante, especificamente, representa uma preocupação no meio médico. A E484K faz parte de um grupo associado ao aumento da transmissibilidade do vírus.

“Essa mutação acontece em uma proteína de superfície do vírus, que chamamos de spike. Ela se dá exatamente no sítio de interação com o receptor ACE2 nas células. O vírus usa esse receptor para entrar nas células”, detalhou o Dr. Renato Santana. “Essa variante amplia a ligação do vírus na superfície da célula, o que aumenta a transmissão, ou seja, a quantidade de partículas virais que conseguem entrar dentro da célula. Em consequência disso ocorre uma expansão da carga viral e da transmissão”.

Segundo o professor, um estudo funcional demonstra que a E484K anula a atividade de um anticorpo neutralizante (Bamlanivimab), usado no tratamento de pacientes graves com COVID-19. “Com essa mutação, o anticorpo neutralizante não consegue se ligar. Assim, mesmo que os pacientes tomem esse remédio, o efeito combativo não será muito grande”.

Acesse a notícia completa na página da UFMG.

Fonte: Luiza França, com Assessoria de Comunicação do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino.

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