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Recém-inaugurado, Laboratório de Biologia Sintética da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia viabiliza pesquisas na fronteira da ciência
O Prédio da Biologia Sintética da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Brasília – DF) foi inaugurado recentemente,com uma área de mais de 930 m² e 10 laboratórios. No novo prédio, serão desenvolvidas pesquisas na fronteira da ciência, capitaneadas pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Biologia Sintética (INCT-BioSyn), que financiou a obra. No evento de inauguração, o Dr. Elibio Rech, pesquisador e diretor do INCT-BioSyn, deu alguns exemplos de resultados importantes alcançados pelo instituto, e que estão entre as pesquisas desenvolvidas no local.
Na área de preservação da biodiversidade, o gestor citou a clonagem dos genes que produzem a fibra da teia de aranhas da Amazônia, Mata Atlântica e do Cerrado. “Com isso, podemos fazer uma modelagem e descrever uma sequência genética dessas aranhas, que pode ser introduzida numa bactéria, numa planta, ou ser totalmente sintética”, explicou. De acordo com ele, isso ajuda a conservar a biodiversidade, “pois agora, se quisermos produzir uma fibra da teia de aranha, nunca mais será preciso ir na natureza matar uma aranha para fazer o estudo da fibra”.
Para o Dr. Elibio Rech, essa tecnologia abre a possibilidade de um novo conceito de ‘domesticação sintética’ da biodiversidade. “Extrativismo não é algo que nós esperamos que vá acontecer ao longo de muitas décadas mais. Com a Biologia Sintética, vamos agregar valor à biodiversidade sem fazer extrativismo ou devastação”, esclareceu.
O pesquisador disse que em outro projeto, estimulados pela questão da conservação, foi feito o metagenoma de todos os biomas brasileiros. “É um banco de dados de solo e raiz que certamente nos possibilitará descobrir novas moléculas e potenciais de produtos, seja bioinsumos, por exemplo, ou seja moléculas específicas para determinados setores de produção”, comentou.
Célula mínima
As chamadas células mínimas também estão entre as pesquisas já em desenvolvimento no novo Prédio da Biologia Sintética, em parceria com o J. Craig Venter Institute (JCVI), dos Estados Unidos. A célula mínima é uma célula com um genoma 100% sintético que, como o próprio nome diz, tem em seu código genético apenas o necessário para mantê-la viva e se multiplicar em ambiente controlado.
Pesquisadores do JCVI e da Synthetic Genomics projetaram e construíram a primeira célula bacteriana sintética mínima, a JCVI-syn3.0, usando a primeira célula sintética, Mycoplasma mycoides JCVI-syn1.0 (construída por esta mesma equipe em 2010).
Com células mínimas cedidas pelo JCVI, a equipe está injetando a JCVI-syn3A, uma célula derivada da JCVI-syn3.0, em cabras para ver como elas vão responder à presença dessas bactérias in vivo, já que todos os estudos feitos até agora foram in vitro. Objetivo é descobrir formas de tratamento específicas para a pneumonia causada pela Mycoplasma mycoides em cabras, e verificar como vai ser a atuação da célula mínima.
Em outra frente da pesquisa, está sendo testada a interação da JCVI-syn3A com os neutrófilos humanos – o tipo leucocitário mais abundante na circulação, que constituem a primeira linha de reconhecimento e defesa contra agentes infecciosos no tecido. Até o momento, a célula mínima não provocou nenhuma reação desse mecanismo de defesa, indicando que, a princípio, ela é inerte ao sistema imunológico. Esse fator é crucial para o desenvolvimento de vacinas e outras aplicações médicas, como a entrega de fármacos no organismo.
“A próxima pergunta, ainda mais na fronteira da ciência, é: será que vamos conseguir pulverizar uma plantação e ligar e desligar genes específicos das plantas? Nós podemos gerar circuitos totalmente genéticos na planta, que ligam e desligam genes conforme as necessidades do produtor. Fizemos isso com células animais, humanas, células-tronco, com todo tipo de célula para testar, e conseguimos resultados bastante promissores”, assinalou o Dr. Elibio Rech, e completou: “Eu tenho certeza de que o uso da tecnologia de DNA recombinante ainda vai trazer grandes benefícios para nós, seres humanos, num futuro bem próximo”.
Acesse a notícia completa na página da Embrapa.
Fonte: Eduardo Pinho, Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia.
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