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Reinfecções por linhagens de não preocupação do coronavírus alertam para importância dos cuidados

Fonte

Unicamp | Universidade Estadual de Campinas

Data

sexta-feira. 7 maio 2021 07:40

Uma pesquisa realizada pelo Laboratório de Estudos de Vírus Emergentes (LEVE), do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (IB-Unicamp), identificou quatro casos de reinfecção por SARS-CoV-2 em profissionais da saúde do Hospital de Clínicas da Unicamp (HC-Unicamp). O que chama a atenção dos pesquisadores é que os vírus encontrados nas amostras dos pacientes não correspondem às chamadas variantes de preocupação, VOCs (‘Variants of Concern’), tipos mais comuns do SARS-CoV-2 identificados em casos de reinfecção. A descoberta abre caminhos para investigações sobre características da resposta imune produzida no organismo a partir da infecção pelo coronavírus e pelas vacinas, além de evidenciar a importância das medidas de proteção. O estudo foi publicado pela revista científica Emerging Infectious Diseases, do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos.

Os casos ocorreram em três enfermeiras e um colaborador do HC, com a média de idade em torno de 44 anos. As primeiras infecções pelo coronavírus foram registradas entre os dias 5 de abril e 10 de maio de 2020, com contaminação pela linhagem B do SARS-CoV-2, a primeira que circulou pelo Brasil no início da pandemia. Não houve complicações em nenhum dos casos e todos se recuperaram no intervalo de 10 a 23 dias. Com o surgimento de novos sintomas da COVID-19, foi necessário confirmar se os casos atendiam aos requisitos para serem caracterizados como reinfecções.

“Nossa primeira pergunta foi: será que esses pacientes, que apresentam casos de COVID-19 pela segunda vez, são casos de reinfecção ou se trata de uma infecção viral persistente, ou seja, o vírus não saiu da pessoa?”, comentou o Dr. José Luiz Módena, professor do IB-Unicamp e coordenador do LEVE. Ele explica que nos casos de reinfecção os pacientes voltam a apresentar testagem positiva para o SARS-CoV-2 após pelo menos 45 dias da primeira infecção, com testes laboratoriais negativos entre os dois eventos positivos. No caso dos quatro pacientes, as segundas infecções ocorreram no período de 55 a 120 dias das primeiras.

Após o sequenciamento e comparação das amostras colhidas nos dois episódios de infecções, a surpresa foi que os vírus encontrados nos segundos episódios eram de linhagens muito semelhantes às identificadas nos primeiros casos. O Dr. Módena explicou que os casos de reinfecção pelo SARS-CoV-2 não são comuns, mas a tendência que vem sendo registrada entre pesquisadores é que, quando eles ocorrem, sejam em decorrência da infecção por variantes de preocupação. São casos de linhagens do SARS-CoV-2 que apresentam uma quantidade significativa de mutações que podem alterar a estrutura das proteínas de superfície do vírus, chamada spike, o que pode facilitar a entrada nas células do organismo, tornando-o mais transmissível, ou ainda escapando dos anticorpos produzidos em consequência de infecções prévias causadas pelo SARS-CoV-2. Atualmente, as variantes documentadas que mais causam preocupação no mundo, por conta de seus efeitos, são as de Manaus (P1), do Reino Unido (B1.1.7) e da África do Sul (B1.351).

Os casos de reinfecção documentados entre profissionais do HC-Unicamp chamam então a atenção porque não era esperado que o vírus escapasse à resposta imune dos pacientes justamente por não apresentarem as mutações significativas nas proteínas spike. Segundo o Dr. Módena, uma das hipóteses para que isso tenha ocorrido é de que, por estarem na linha de frente do combate à COVID-19, os profissionais estão mais expostos a contaminações.

Acesse a publicação científica completa (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Unicamp.

Fonte: Felipe Mateus, Jornal da Unicamp.

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