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Vacinação com células senescentes reduziu a formação de tumores em camundongos
As células que pararam de se multiplicar permanentemente, as chamadas células senescentes, podem desempenhar um papel importante na luta contra o câncer, de acordo com um novo estudo em camundongos realizado por pesquisadores do Instituto Karolinska, na Suécia, e do Instituto para Pesquisa em Biomedicina de Barcelona (IRB Barcelona), na Espanha. O estudo, publicado na revista científica Cancer Discovery, descobriu que a vacinação com células cancerígenas senescentes reduziu significativamente a formação de melanoma e tumores de câncer pancreático em camundongos.
A senescência é um estado de latência atingido por células danificadas ou envelhecidas em que não se reproduzem, mas também não desaparecem. As células senescentes emitem sinais de informação em seu ambiente, que avisam de sua presença, estimulando uma resposta inflamatória e regeneração tecidual.
No contexto do câncer, pesquisadores do IRB Barcelona e do Instituto Karolinska descobriram que as células senescentes, por suas características, são uma boa opção para ativar o sistema imunológico e melhorar a resposta aos tumores.
No estudo atual, eles demonstram que a vacinação de camundongos saudáveis com células cancerígenas senescentes preveniu ou retardou a formação de tumores quando os animais foram posteriormente desafiados com melanoma e células cancerígenas pancreáticas. Alguma melhora também foi evidente para animais que já haviam desenvolvido tumores, embora o efeito fosse mais moderado, provavelmente porque as células cancerígenas já haviam criado um ambiente que protegia o tumor dos ataques do sistema imunológico.
Mecanismo semelhante em células cancerosas humanas
Para testar a validade das descobertas em células cancerosas humanas, os pesquisadores coletaram amostras de tumor de pacientes com câncer e observaram mecanismos semelhantes em um ambiente de laboratório: a indução de células do sistema imunológico ativadas pela senescência para atacar as células tumorais.
“Nossos resultados indicaram que as células senescentes são a opção preferida quando se trata de estimular o sistema imunológico contra o câncer”, disse o Dr. Manuel Serrano, coautor do estudo e chefe do laboratório de plasticidade e doenças celulares do IRB Barcelona, em um comunicado de imprensa do IRB Barcelona.
Agora, o grupo está pronto para dar o próximo passo.
“Essas descobertas abrem caminhos interessantes para o desenho de tratamento anticâncer baseado em uma combinação de indutores de senescência e imunoterapia”, disse o Dr. Federico Pietrocola, professor do Departamento de Biociências e Nutrição do Instituto Karolinska e segundo autor correspondente do estudo. “Ainda assim, o processo de senescência celular é altamente complexo e precisamos de mais pesquisas sobre os potenciais efeitos colaterais do tratamento com células senescentes antes de podermos trazê-lo para a clínica. No laboratório, estamos atualmente tentando abordar a complexidade não resolvida da senescência em modelos animais de câncer de pulmão, e estamos desenvolvendo abordagens alternativas de vacinação sem o uso de células senescentes ‘vivas'”, concluiu o pesquisador.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na página do Instituto Karolinska (em inglês).
Fonte: Anna Molin/Instituto Karolinska e IRB Barcelona.
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