Notícia

Efeito observado em células cancerígenas é detectado na “doença do pombo”

Grupo de pesquisa da UFRGS identifica comportamento metabólico que pode auxiliar no diagnóstico da criptococose

Pixabay

Fonte

UFRGS | Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Data

segunda-feira, 13 janeiro 2020 12:15

Áreas

Imunologia. Oncologia.

Pesquisadores da Faculdade de Farmácia e do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) realizaram um estudo que sugere novas perspectivas para caracterizar o comportamento dos causadores da criptococose, também conhecida como “doença do pombo”. Em seres humanos, a patologia atinge as vias pulmonares e cerebrais, podendo desencadear pneumonia e meningite em quem é contaminado. Inicialmente, porém, a doença não aparece de maneira agressiva como a maioria das infecções, o que dificulta o diagnóstico.

A criptococose é causada pelos fungos Cryptococcus neoformans e Cryptococcus gattii, encontrados em cascas de árvores, fezes de morcego e de pombos – daí o nome popular da doença. Como são apenas hospedeiros dos fungos, os pombos não são prejudicados pela patologia. O problema é quando os fungos passam pelo trato digestório dos animais e saem pelas fezes. É no contato com o excremento, inclusive pelo ar, que os seres humanos podem se contaminar. Esse é um dos motivos da alta taxa de incidência desta doença nas metrópoles.

Através de experimentos, os pesquisadores concluíram que a criptococose apresenta um comportamento chamado “efeito Warburg”, o mesmo observado em células cancerígenas que faz com que elas alterem o metabolismo para suportar o crescimento acelerado do tumor. Essa informação pode ajudar tanto na parte do diagnóstico da doença quanto nas terapias futuras, já que existem fármacos específicos com foco no efeito Warburg que podem ser avaliados para a criptococose em experimentos futuros, como pretendem os pesquisadores da UFRGS.

Experimento com organismos vivos

Os cientistas fizeram experiências com organismos vivos para identificar o quadro patológico da doença, ou seja, observar o conjunto de sintomas que se associam à criptococose. Eles introduziram o fungo da doença em ratos para analisar o desenvolvimento dos processos infecciosos em um corpo animal. Depois, removeram os pulmões dos roedores para caracterizar as proteínas presentes neles pós-infecção. O Dr. Walter O. Beys da Silva, professor da Faculdade de Farmácia da UFRGS e integrante da pesquisa, esclarece que esse procedimento é importante para identificar quais proteínas apareceram mais e quais diminuíram no organismo dos roedores. Ele explica que, com esse tipo de conhecimento, é possível pensar em alguma estratégia para reverter o quadro da doença.

A criptococose relacionada à AIDS

Não há dados oficiais a respeito da ocorrência da criptococose no Brasil por esta não ser considerada uma doença de notificação compulsória, isto é, não é uma doença que a lei exija que seja comunicada às autoridades de saúde pública. No entanto, um dos fatores mais preocupantes da patologia é que ela acomete tanto pessoas saudáveis – através do fungo do tipo gatti – quanto pessoas com imunidade baixa, como as que vivem com a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids). Quando associada a essa síndrome, a criptococose é uma das principais infecções oportunistas – aquelas que se aproveitam da debilidade das defesas do organismo. Conforme o Ministério da Saúde, a infecção da criptococose pelo fungo do tipo neoformans representa a principal causa de morte em indivíduos com Aids.

Acesse a matéria completa na UFRGS Ciência.

Fonte: Mariana Bier, UFRGS Ciência. Imagem: Pixabay.

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