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Em desenvolvimento, fármaco de precisão poderia combater novas mutações do vírus da COVID-19

Novo candidato a medicamento, concebido em nível atômico, poderia ajudar a limitar o aumento de novas variantes resistentes aos medicamentos

Freepik

Fonte

Universidade Stanford

Data

quarta-feira, 20 março 2024 11:30

Áreas

Bioinformática. Biologia. Biomedicina. Bioquímica. Biotecnologia. Desenvolvimento de Fármacos. Doenças Infecciosas. Engenharia Biológica. Farmacologia. Imunologia. Microbiologia. Química Medicinal. Saúde Pública. Virologia.

Embora a COVID-19 tenha desaparecido das manchetes, o SARS-CoV-2 – o coronavírus por trás da pandemia – ainda infecta pessoas de forma desenfreada em todo o mundo. As autoridades de saúde pública temem que, à medida que o vírus continue a evoluir, acabe por atingir uma mutação que torne os tratamentos atuais ineficazes, desencadeando uma nova onda de infecções graves e perturbações sociais.

Na busca de novas terapias para evitar esta possibilidade, pesquisadores da Universidade Stanford, nos Estados Unidos, revelaram recentemente um composto que pode ser um medicamento anti-coronavírus potencialmente poderoso. Os resultados da pesquisa foram publicados na revista científica Science Translational Medicine.

Apelidado de ML2006a4, o composto funciona da mesma forma que o Paxlovid – o medicamento oral mais eficaz disponível até agora – ligando-se às partículas do coronavírus e impedindo que o vírus faça cópias de si mesmo. Comparado ao Paxlovid, porém, o ML2006a4 se liga de forma mais firme e e por mais tempo.

Em experiências pré-clínicas, o composto evitou infecções mortais em camundongos a uma taxa superior em comparação com o Paxlovid. Além disso, o novo composto é suficientemente potente para poder ser formulado sem um componente adicional presente no Paxlovid, que pode representar graves problemas de interação medicamentosa. É importante ressaltar que o ML2006a4 também teve um bom desempenho contra variantes do coronavírus que já desenvolveram graus de resistência ao Paxlovid, sugerindo que a afinidade aprimorada do composto o torna menos vulnerável a cepas mutantes do vírus.

“Neste momento, entrando no quinto ano da pandemia, o Paxlovid é o nosso único medicamento realmente bom contra o SARS-CoV-2, mas está provado que é bastante fácil para o vírus desenvolver resistência a ele”, disse o Dr. Michael Lin, autor sênior do estudo e professor de Neurobiologia e Bioengenharia nas escolas de Medicina e Engenharia de Stanford. “À medida que novas ondas de coronavírus continuam a ocorrer, precisamos de medicamentos alternativos que sejam mais tolerantes às mutações e que não sejam tão fáceis de serem derrotados pelo vírus”, destacou o pesquisador.

Para o estudo, o Dr. Michael Lin trabalhou em estreita colaboração com o Dr. Michael Westberg, autor principal do estudo e agora professor na Universidade Aarhus, na Dinamarca.

Precisão de nível atômico

Antes do surto pandêmico em 2020, o laboratório do professor Michael Lin já investigava a ampla classe de medicamentos conhecidos como inibidores da protease viral. Esses medicamentos têm como alvo enzimas proteases que os vírus necessitam para desmontar proteínas virais volumosas como parte de seu ciclo de replicação. Tal como uma chave que se encaixa numa fechadura, os inibidores da protease ocupam os espaços, ou locais ativos, onde as proteases normalmente se ligam a essas proteínas, cortando assim a replicação pela raiz.

A sua pesquisa inicial, publicada online em Setembro de 2020, demonstrou que um medicamento para a hepatite C, o boceprevir, se integrou razoavelmente bem no local da protease do coronavírus. Outros cientistas desenvolveram essas descobertas, inclusive na empresa farmacêutica Pfizer, que finalmente criou o Paxlovid e recebeu aprovação regulatória para seu uso em dezembro de 2021. “Sabíamos então que estávamos no caminho certo e estávamos motivados para continuar e criar um medicamento ainda mais eficaz”, disse o pesquisador.

O trabalho a seguir envolveu a modificação do composto em escala atômica em modelos de computador intrincadamente detalhados para se ajustar melhor ao sítio ativo da protease do coronavírus. “Basicamente, você coloca seu medicamento no sítio ativo e procura lacunas onde ele não se encaixa perfeitamente. Então você preenche essas lacunas”, explicou o Dr. Lin.

Após várias rodadas de aprimoramento, a equipe de Lin chegou ao complexo designado ML2006a4.

Para que o composto promissor avance, O Dr. Michael Lin e seus colegas estão buscando investimentos adicionais. Até agora, o financiamento da pesquisa consistiu principalmente em pequenas doações destinadas à descoberta de medicamentos em fase inicial. O grupo agora sente que seus compostos estão prontos para testes pré-clínicos ampliados, visando testes clínicos em pacientes humanos.

“Estamos muito entusiasmados com o quão longe chegamos e com o sucesso da nossa descoberta de medicamentos com um orçamento apertado. Esperamos ver este composto promissor desenvolvido ainda mais para ficarmos prontos para os desafios que o SARS-CoV-2 possa nos oferecer”, concluiu o Dr. Michael Lin.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade Stanford (em inglês).

Fonte: Adam Hadhazy, Universidade Stanford. Imagem: Freepik.

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