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Pesquisadores estudam uso de BCG recombinante como tratamento para câncer de bexiga

Tecnologia patenteada reduziu significativamente os tumores, aumentando a sobrevida de animais

scientificanimations.com via Wikimedia Commons

Fonte

Instituto Butantan

Data

terça-feira, 19 março 2024 18:10

Áreas

Biologia. Biomedicina. Bioquímica. Biotecnologia. Engenharia Biológica. Farmacologia. Imunologia. Indústria Farmacêutica. Microbiologia. Oncologia. Química Medicinal. Saúde Pública. Vacinas.

Uma versão recombinante do BCG (Bacilo de Calmette e Guérin, que compõe a vacina da tuberculose) em desenvolvimento pelo Instituto Butantan mostrou maior potencial contra o câncer de bexiga do que o BCG tradicional, considerado padrão-ouro no tratamento da doença. Batizada de Onco rBCG e patenteada, a terapia aumentou a sobrevida dos modelos animais tratados, causando redução maior no tumor quando comparada ao BCG utilizado normalmente, segundo estudo publicado na revista científica Urologic Oncology.

A cada ano, são registrados no mundo 600 mil novos casos de câncer de bexiga, que é o 10º tipo mais comum de tumor, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Mais de 200 mil pessoas morrem anualmente em decorrência da doença – no Brasil, são 4,5 mil óbitos por ano. Homens idosos e pessoas fumantes têm maior probabilidade de desenvolver esse câncer.

“O tratamento de câncer de bexiga com BCG ainda enfrenta alguns problemas, já que entre 30% e 40% dos pacientes não respondem à terapia. Estamos estudando novas formulações da recombinante e temos observado que, em alguns casos, metade dos camundongos sobrevive e o tumor é totalmente eliminado”, disse a pesquisadora Dra. Luciana Leite, que lidera os estudos no Laboratório de Desenvolvimento de Vacinas do Butantan, órgão ligado à Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo.

Segundo a cientista, testes toxicológicos feitos em animais na Holanda já demonstraram a segurança do produto. Na etapa atual, os pesquisadores acompanham a estabilidade do vetor e da formulação e trabalham no escalonamento da produção e no controle de qualidade. O próximo passo seria submeter à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) um pedido de autorização de ensaio clínico, com o objetivo de avaliar a segurança e eficácia da vacina em pacientes, o que ainda não tem data para acontecer.

Além da pesquisa feita em animais, outro estudo publicado na revista científica Frontiers in Immunology investigou a capacidade da Onco rBCG de estimular o sistema imune humano, usando um ensaio in vitro com células humanas. Comparada ao BCG tradicional, a cepa recombinante induziu maior produção de citocinas anti-inflamatórias, substâncias produzidas por linfócitos que são importantes para eliminar as células tumorais.

O câncer de bexiga pode levar anos para chegar ao estágio mais invasivo e alcançar outros tecidos. “Existe uma janela de oportunidade para tratá-lo. Geralmente, o tumor é removido cirurgicamente e, depois, o paciente é tratado com BCG para não ter recidiva”, explicou a Dra. Luciana. O problema é que cerca de 30% dos pacientes acabam sofrendo com o retorno da doença.

Desenvolvida com técnicas de Engenharia Genética, a Onco rBCG conta com a expressão, dentro do BCG original, da proteína S1 da toxina pertussis geneticamente detoxificada. Esse recurso funciona como um adjuvante que potencializa, com segurança, os efeitos da terapia.

O grupo também produziu outra versão recombinante de BCG, que utiliza como vetor o LTAK63 (fragmento detoxificado da toxina LT da bactéria E. coli). Em testes em animais, ela induziu maior proteção contra tuberculose do que a vacina original e uma resposta imune mais robusta. Esse imunizante foi patenteado no Brasil, Estados Unidos, China, França, Reino Unido, Índia, África do Sul e Europa.

Acesse o resumo do artigo publicado na revista Urologic Oncology (em inglês).

Acesse o artigo completo publicado na revista Frontiers in Immunology (em inglês).

Acesse a notícia completa no Portal do Instituto Butantan.

Fonte: Aline Tavares, instituto Butantan. Imagem: câncer de bexiga. Fonte: scientificanimations.com via Wikimedia Commons.

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