Notícia
Estudo pode contribuir para aprimorar terapia fotodinâmica
Pesquisa mostrou que a degradação de fotossensibilizadores é um passo fundamental para a ação de compostos que, ao serem expostos à luz, desencadeiam processos bioquímicos capazes de romper a membrana de células-alvo
WK Martins et al / Autophagy
Fonte
Agência Fapesp
Data
quinta-feira, 16 janeiro 2020 09:55
Áreas
Biomedicina. Bioquímica. Ciências Biológicas.
Resultados de um estudo publicado na revista científica Journal of the American Chemical Society poderão contribuir para aprimorar as técnicas de terapia fotodinâmica – feitas à base de compostos que, ao serem expostos à luz, desencadeiam processos bioquímicos capazes de romper a membrana de células-alvo.
Conduzida por um grupo vinculado ao Centro de Pesquisa em Processos Redox em Biomedicina (Redoxoma), a pesquisa mostrou que a degradação dos chamados fotossensibilizadores, que são as moléculas usadas para tornar as células mais sensíveis à luz, é um passo fundamental para a ação desses compostos. Até então, acreditava-se que, para serem eficientes, os fotossensibilizadores não poderiam sofrer degradação por luz (fotobranqueamento) durante o processo.
O Redoxoma é um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) no Instituto de Química da Universidade de São Paulo (IQ-USP).
Para chegar às conclusões descritas no artigo, os pesquisadores desenvolveram diferentes pigmentos orgânicos sensíveis à luz conhecidos como porfirazinas. O objetivo foi entender quais processos essas moléculas induzem na membrana das células quando expostas à luz.
Todas as porfirazinas usadas na pesquisa eram capazes de gerar a mesma quantidade de oxigênio singlete (espécie eletronicamente excitada da molécula de oxigênio), um conhecido fator indutor de oxidação das membranas expostas à luz. Desse modo, os pesquisadores puderam observar com mais atenção os outros processos causadores de dano celular induzidos pelos pigmentos.
“Vimos que as porfirazinas, além de atuarem como fotossensibilizadoras por meio do mecanismo já conhecido de produção de oxigênio singlete, também atuam como agentes oxidantes por reações de contato, removendo elétrons diretamente das duplas ligações dos lipídios. O resultado dessas reações é a formação de radicais livres, que oxidam os lipídios presentes na membrana das células e geram mais danos, potencializando seu efeito”, explicou o Dr. Thiago Teixeira Tasso, primeiro autor do artigo. A investigação foi realizada durante seu estágio de pós-doutorado no IQ-USP apoiado pela FAPESP. Atualmente, Tasso é professor do Instituto de Ciências Exatas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Em um trabalho anterior, o grupo coordenado pelo Dr. Mauricio da Silva Baptista, professor do IQ-USP e coautor do artigo, havia demonstrado que um fator importante para causar danos irreversíveis às membranas era a formação de aldeídos lipídicos, substâncias que abrem poros na estrutura externa da célula e levam ao vazamento do conteúdo interno.
“A descoberta tem potencial de mudar o paradigma de que a degradação do fotossensibilizador seria algo prejudicial, que diminuiria a sua eficiência. No estudo, observamos que, dependendo da molécula, esse fotobranqueamento pode ser benéfico e aumentar o dano causado à membrana”, concluiu o Dr. Maurício Baptista.
O trabalho integra o projeto “Fotossensibilizadores: estudos de propriedades fundamentais e aplicações biológicas”, apoiado pela FAPESP e coordenado pela Dra. Paula Homem-de-Mello, professora do Centro de Ciências Naturais e Humanas da Universidade Federal do ABC (CCNH-UFABC).
Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Agência Fapesp.
Fonte: André Julião, Agência FAPESP. Imagem: WK Martins et al / Autophagy.
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