Notícia

Estudo reforça caráter cardioprotetor da melatonina

Efeito amplo do hormônio, não só no sono, mas também no sistema cardiovascular e em distúrbios metabólicos, ressalta sua importância terapêutica e, por outro lado, a necessidade de maior cuidado no uso e na prescrição

Bryan Brandenburg via Wikimedia Commons

Fonte

Agência FAPESP

Data

sexta-feira, 22 maio 2020 11:20

Áreas

Doenças Cardiológicas. Fisiologia. Metabolismo.

Após revisar dados de 162 ensaios clínicos, pesquisadores brasileiros concluíram que a melatonina – substância popularmente conhecida como o “hormônio do sono” – pode proteger o coração contra arritmias, doença arterial coronariana, hipertensão e outros distúrbios cardiovasculares.

As conclusões foram divulgadas na  revista científica International Journal of Molecular Sciences. O trabalho teve apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e a participação de cientistas da Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Anhembi Morumbi.

“A ação do hormônio sobre a pressão arterial e a frequência cardíaca se dá tanto de maneira periférica nos vasos e no coração, como de modo central no hipotálamo e em outras estruturas do sistema nervoso central. Estudos mostraram o efeito do hormônio até mesmo sobre as mitocôndrias das células, importantes na regulação do sistema cardiovascular”, diz o Dr. José Cipolla-Netto, professor do Instituto de Ciências Biomédicas da USP e autor principal do artigo.

Além de dados de trabalhos clínicos e ensaios experimentais sobre o papel cardioprotetor da melatonina, os autores apresentam no artigo uma lista de substâncias capazes de imitar a função do hormônio – tecnicamente chamadas de agonistas dos receptores de melatonina. A seleção foi feita com auxílio de ferramentas de inteligência artificial do tipo machine learning, que permitem analisar uma grande quantidade de dados por métodos estatísticos.

Com a tecnologia, foi possível ainda elaborar ensaios experimentais virtuais com o objetivo de encontrar compostos e quantificar, preditivamente, a sua eficiência sobre um determinado sistema, baseado na sua estrutura e em ensaios prévios.

“Com uso de machine learning listamos substâncias semelhantes à melatonina e verificamos quais delas têm potencial ação no sistema cardiovascular e nos receptores de melatonina. De um conjunto imenso de moléculas, encontramos 780 com ação cardiovascular supostamente semelhante à da melatonina”, afirma o pesquisador.

De acordo com o pesquisador, os dados estão abertos e podem guiar o desenvolvimento de novas drogas para doenças cardiovasculares.

Prescrição criteriosa

O pesquisador alerta que a ação ampla da substância no organismo – seja na regulação do sono, no sistema cardiovascular ou na regulação do metabolismo – só reforça a necessidade de que a reposição hormonal seja cuidadosamente calculada de maneira personalizada. “É uma atenção a mais que se deve ter. Por isso, faço questão de dizer que melatonina não é uma substância inócua que possa ser tomada ao bel-prazer. Ela é um hormônio e a sua administração deveria ser rigorosamente controlada.”

Para o Dr. Cipolla-Neto, primeiro é preciso saber se é necessário fazer a reposição hormonal e depois ajustá-la para cada indivíduo de tal forma que a administração da droga seja exclusivamente noturna. A melatonina não pode estar circulando na corrente sanguínea durante o dia.

De acordo com o pesquisador, também é preciso observar os hábitos de sono de cada pessoa. “Aqueles que em geral dormem por muitas horas, provavelmente produzem o hormônio por mais tempo do que os que precisam de menos horas de sono. Além disso, pessoas que são mais produtivas durante a manhã geralmente têm uma fabricação natural de melatonina que começa no início da noite, enquanto as que são mais produtivas à tarde ou noite somente começam a fabricar o hormônio mais tardiamente. Todos esses fatores – além da idade, peso e condição clínica – devem ser levados em consideração na hora da prescrição”, conclui o pesquisador.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Agência FAPESP.

Fonte: Maria Fernanda Ziegler, Agência FAPESP. Imagem: Bryan Brandenburg via Wikimedia Commons.

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