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Hidroxicloroquina: novo estudo não mostra melhora na taxa de mortalidade de pacientes com COVID-19 tratados com o medicamento
Uma equipe liderada por pesquisadores do Hospital “Brigham and Women´s”, da Escola Médica de Harvard, nos Estados Unidos, avaliou evidências reais de resultados em pacientes com COVID-19 que foram tratados com hidroxicloroquina ou análogos de cloroquina, com ou sem o acompanhamento de um macrolídeo, como a azitromicina. Os pesquisadores não encontraram evidências de que o regime de drogas tenha reduzido a taxa de mortalidade entre os pacientes. Os pacientes tratados com esquemas de hidroxicloroquina ou cloroquina apresentaram chances maiores de experimentar ritmos cardíacos rápidos e anormais (conhecidos como arritmias ventriculares) do que outros pacientes que não receberam os medicamentos. As descobertas da equipe foram publicadas no dia 22 de maio na revista científica The Lancet.
“Não importa de que maneira você examine os dados, o uso desses esquemas não ajudou”, disse o autor Dr. Mandeep R. Mehra, diretor executivo do Brigham’s Center for Advanced Heart Disease. “De qualquer forma, os pacientes tiveram maior probabilidade de morte. Também observamos um aumento de quatro vezes na taxa de arritmias ventriculares significativas em pacientes com COVID-19 que foram tratados com regimes de hidroxicloroquina ou cloroquina”.
O Dr. Mehra e colegas conduziram o estudo usando o banco de dados Surgical Outcomes Collaborative, um registro internacional composto por dados anônimos de 671 hospitais em seis continentes. A análise incluiu dados de mais de 96.000 pacientes hospitalizados com COVID-19. Isso incluiu quase 15.000 pacientes que receberam a droga antimalárica cloroquina ou hidroxiquinona, com ou sem antibiótico (macrolídeos como azitromicina e claritromicina) logo após o diagnóstico de COVID-19. O ponto final da análise do estudo foi a ocorrência de óbito ou a alta hospitalar.
O Dr. Mehra e colegas descobriram que 10.698 pacientes que tomavam um desses regimes de drogas morreram no hospital (11,1%) e 85.334 sobreviveram até a alta. A equipe comparou essa taxa de mortalidade à de um grupo controle, depois de contabilizar variáveis como idade, sexo e fatores de risco subjacentes. A taxa de mortalidade entre o grupo controle foi de 9,3%. Cada um dos regimes medicamentosos de cloroquina ou hidroxicloroquina isoladamente, ou em combinação com um macrolídeo, foi associado a um risco aumentado de óbito hospitalar em pacientes com COVID-19.
Além disso, cada um dos regimes de drogas foi associado a um aumento no risco de arritmia ventricular. Entre os grupos de tratamento, entre 4 e 8% dos pacientes apresentaram uma nova arritmia ventricular, em comparação com 0,3% dos pacientes no grupo controle.
Sabe-se que a cloroquina e a hidroxicloroquina causam toxicidade cardiovascular e estudos anteriores mostraram que os macrolídeos podem aumentar o risco de morte cardíaca súbita. Uma análise preliminar de pacientes no Brasil tratados com cloroquina e um antibiótico sugeriu que uma dose alta de cloroquina pode ser um risco à segurança. Os resultados de ensaios clínicos controlados e randomizados ainda estão em andamento.
Os autores alertam que o estudo atual é de natureza observacional – isso significa que ele não pode responder absolutamente à questão de saber se os regimes de medicamentos foram os únicos responsáveis pelas mudanças na sobrevivência. Serão necessários ensaios clínicos randomizados antes que se possa chegar a uma conclusão sobre o dano.
“Essas descobertas sugerem que esses regimes de medicamentos não devem ser usados fora do campo dos estudos clínicos e é necessária a confirmação urgente de estudos clínicos randomizados”, concluem os autores.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na página do Hospital da Escola Médica de Harvard (em inglês).
Fonte: Hospital Brigham and Women’s. Imagem: Shutterstock.
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