Notícia

Estudo sugere nova estratégia para combater infecções bacterianas mortais

Proteínas direcionadas em MRSA podem tornar uma ‘superbactéria’ inofensiva e prevenir a resistência a antibióticos

National Institute of Allergy and Infectious Diseases (NIAID/NIH)

Fonte

Universidade de Maryland

Data

domingo, 19 fevereiro 2023 18:55

Áreas

Bacteriologia. Biomedicina. Bioquímica. Biotecnologia. Doenças Infecciosas. Imunologia. Microbiologia. Saúde Pública.

Infecções mortais que ignoram todos os antibióticos que os médicos podem usar representam uma das 10 principais ameaças globais à saúde pública, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, e os cientistas têm se esforçado para encontrar novas ferramentas para combater a crescente resistência antimicrobiana.

Recentemente, pesquisa liderada por um cientista da Universidade de Maryland em colaboração com o Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Institutos Nacionais de Saúde (NIAID/NIH), nos Estados Unidos, sugere que reduzir a gravidade das infecções resistentes a medicamentos – em vez de tentar matar bactérias imediatamente – pode oferecer uma abordagem alternativa eficaz.

O estudo, publicado ontem na revista científica Proceedings of the National Academy of Science (PNAS), revelou como duas proteínas permitem que a perigosa e difundida bactéria MRSA (Staphylococcus aureus resistente à meticilina) secrete as toxinas que deixam as pessoas doentes.

Terapias direcionadas a essas duas proteínas podem desativar a chamada superbactéria, tornando-a menos mortal e possivelmente até inofensiva, relataram os pesquisadores. Tal abordagem também reduziria o risco de resistência a antibióticos.

“Estávamos interessados em entender como a bactéria causa a doença para ver se poderíamos interferir diretamente nos fatores de virulência produzidos”, disse o Dr. Seth Dickey, professor do Departamento de Medicina Veterinária da Universidade de Maryland e principal autor do estudo. “Se pudermos desarmá-la, talvez não precisemos nos preocupar com a fuga de agentes antimicrobianos”.

A resistência antimicrobiana se desenvolve quando um tratamento medicamentoso derrota algumas, mas não todas as células bacterianas. As bactérias que permanecem têm alguma resistência natural, portanto, se tiverem a chance de recolonizar, a próxima infecção será mais forte diante dos antibióticos. Essa reprodução seletiva não intencional levou a superbactérias como a MRSA e à tuberculose multirresistente.

Uma abordagem para tratar a infecção que a torne menos prejudicial sem matar a bactéria poderia eliminar o potencial para tal reprodução seletiva. Na MRSA, esse esforço foi prejudicado pelo fato de a bactéria produzir vários tipos de toxinas em abundância. Compreender cada mecanismo e desligá-los é algo extremamente desafiador. Assim, os pesquisadores decidiram não observar como as células produzem toxinas, mas como elas secretam essas toxinas em seu hospedeiro.

Trabalhos anteriores descobriram que duas proteínas servem como ‘balsas’ para transportar as moléculas da toxina através da membrana celular bacteriana para o ambiente externo. Mas não estava claro por que havia duas proteínas transportadoras e como elas funcionavam. Sem esse entendimento, os cientistas não podiam desenvolver terapias para prevenir a secreção de toxinas.

O estudo atual revelou como as duas proteínas trabalham juntas para mover dois tipos de toxinas através da membrana celular, demonstrando que, quando as proteínas foram removidas, as toxinas se acumularam dentro das células MRSA onde não poderiam afetar o hospedeiro. A remoção de uma das proteínas resultou até mesmo na bactéria sendo danificada por seus próprios venenos.

As descobertas têm implicações além da bactéria  MRSA. Quando os pesquisadores analisaram os genomas de uma variedade de outras bactérias, descobriram que muitas têm genes para produzir um sistema semelhante ao encontrado na MRSA, apontando para o potencial de uma nova abordagem para combater uma série de infecções.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade de Maryland (em inglês).

Fonte:  Kimbra Cutlip, Universidade de Maryland. Imagem: glóbulo branco humano ataca várias bactérias MRSA. Fonte: National Institute of Allergy and Infectious Diseases (NIAID/NIH).

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