Notícia
Líquido cefalorraquidiano pode identificar tumores cerebrais agressivos em crianças
Descobertas sugerem que biópsia líquida usando o líquor pode ser um método potencial para diagnosticar meduloblastoma e detectar recorrências tumorais
Wikimedia Commons
Fonte
Universidade Johns Hopkins
Data
quinta-feira, 24 março 2022 15:50
Áreas
Análises Clínicas. Biologia. Biomarcadores. Biomedicina. Bioquímica. Neurociências. Oncologia. Saúde da Criança.
Pode ser possível identificar a presença de um tumor cerebral agressivo em crianças estudando seu líquido cefalorraquidiano, de acordo com novo estudo liderado por pesquisadores do Kimmel Cancer Center da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos.
Comparando amostras de líquido cefalorraquidiano (também chamado de líquor) de 40 pacientes com meduloblastoma – o tumor cerebral maligno mais comum em crianças, representando 10% a 15% dos tumores pediátricos do sistema nervoso central – e de 11 crianças saudáveis sem a doença, os pesquisadores identificaram 110 genes, 10 tipos de RNA, 14 lipídios e vários metabólitos que foram expressos de forma diferente entre os dois grupos. Embora esses detalhes não sejam específicos o suficiente para distinguir entre os quatro subtipos de meduloblastoma, eles podem ser usados para identificar a presença de câncer. Os resultados foram publicados na revista científica Acta Neuropathologica Communications.
“Acreditamos que esta é a primeira análise molecular abrangente e integrada do líquido cefalorraquidiano em pacientes com meduloblastoma”, disse o Dr. Ranjan Perera, autor sênior do estudo e diretor do Centro de Biologia de RNA do Johns Hopkins All Children’s Hospital em St. Petersburg, na Flórida. O Dr. Ranjan Perera também é professor de Oncologia na Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins.
“Nosso estudo fornece prova de princípio de que todas as três abordagens moleculares – estudar RNA, lipídios e metabólitos – podem ser aplicadas com sucesso em amostras de líquido cefalorraquidiano, não apenas para diferenciar pacientes com meduloblastoma daqueles sem a doença, mas também para fornecer novos insights sobre a patobiologia da doença”, acrescentou o professor.
O diagnóstico atual de meduloblastoma é baseado na avaliação clínica, imagem e biópsias do tecido tumoral. “Há uma necessidade não atendida de testes diagnósticos para detectar a doença com sensibilidade durante a apresentação inicial e especialmente durante qualquer recorrência, porque as recorrências nem sempre são vistas na ressonância magnética”, disse o Dr. Ranjan Perera.
A biópsia líquida – a análise molecular de biofluidos – é um método minimamente invasivo que se mostra promissor na detecção e monitoramento de doenças, medindo células tumorais circulantes, DNA, RNA ou outras substâncias na urina, líquido cefalorraquidiano e amostras de sangue. “Como o líquido cefalorraquidiano banha o cérebro e a medula espinhal, foi considerado uma maneira de fornecer uma janela para tumores que surgem no sistema nervoso central e se disseminam no líquido”, disse o pesquisador.
Durante o estudo, os pesquisadores usaram técnicas laboratoriais de sequenciamento genético e perfis metabólicos e lipídicos para descobrir as diferenças de RNA, metabólitos e lipídios em amostras de líquido cefalorraquidiano de pacientes com meduloblastoma e pacientes controles saudáveis. Foi identificado que pacientes com meduloblastoma têm um apresentação metabólica e lipídica de RNA única em seu fluido que pode ser útil para diagnóstico e monitoramento, e que reflete mudanças biológicas consistentes com a presença de meduloblastoma no sistema nervoso central, segundo os pesquisadores. Os perfis metabólitos e lipídicos continham indicadores de hipóxia tumoral – uma condição na qual as células tumorais estavam privadas de oxigênio.
“Mais estudos em populações maiores de pacientes são necessários para confirmar os resultados. A análise fornece vários biomarcadores que podem ser mais estudados”, concluiu o Dr. Ranjan Perera.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Universidade Johns Hopkins (em inglês).
Fonte: Amy Mone, Universidade Johns Hopkins. Imagem: Corte histopatológico de tecido tumoral embebido em parafina de um meduloblastoma tipo SHH. Fonte: Wikimedia Commons.
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