Notícia
Método alternativo pode facilitar diagnóstico e tratamento da hepatite C
Estudo mostra-se relevante para superar as limitações do processamento de amostras em várias partes do mundo
Milton Santos, Dirco/UFU
Fonte
Universidade Federal de Uberlândia
Data
segunda-feira, 18 abril 2022 17:45
Áreas
Biomedicina. Diagnóstico. Doenças Infecciosas. Genética. Hepatologia. Microbiologia. Saúde Pública.
Responsável por mais de 180 milhões de infecções em todo o mundo, o vírus da hepatite C (HCV) é caracterizado pelo processo inflamatório persistente do fígado. É transmitido através do compartilhamento de seringas, instrumentos de unha, lâminas ou qualquer forma de contato com sangue contaminado e majoritariamente identificado em países de baixa e média renda. Ao contrário do que se pode pensar, a transmissão sexual é pouco frequente e o risco de uma mãe contaminar o filho através da amamentação é cerca de 6%.
A dificuldade de diagnóstico e a falta de acesso ao tratamento adequado fazem com que o HCV continue se propagando nos países mais pobres, de modo que aproximadamente 60% a 85% dos casos se tornam crônicos – com longa ou indefinida duração – e 20% evoluem para cirrose ao longo do tempo.
Com o objetivo de estabelecer um protocolo de fácil acesso, Victória Grosche – graduada em Biomedicina pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e atualmente doutoranda em Microbiologia pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) – propôs o diagnóstico da hepatite C por meio de amostragens de manchas de soro seco (DSS) – amostras de sangue coletado dos pacientes.
Em colaboração com o Instituto Adolfo Lutz, com o Dr. Diego Pandeló, professor da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), e sob a orientação da Dra. Ana Carolina Jardim, professora do Laboratório de Virologia da UFU, o estudo avaliou a viabilidade da análise genotípica do HCV do DSS em um grupo de 80 pacientes do estado de São Paulo. A partir das amostras coletadas pelo método, foi possível identificar aminoácidos de resistência ao tratamento por meio do sequenciamento genético realizado na Universidade de Nottingham, no Reino Unido.
A partir do diagnóstico, é possível propor um tratamento adequado como forma de combater as moléculas resistentes, utilizando antivirais específicos de ação direta (DAAs) e que causem menos danos aos pacientes. Os principais benefícios do uso do DSS são o baixo custo e a pequena estrutura necessária para realizá-lo, permitindo que seja aplicado nos países de baixa e média renda, onde a incidência da hepatite C é maior.
Publicado na revista científica Access Microbiology, o trabalho representa, para Victória Grosche, a chave para acessar locais onde há uma epidemia muito grande da doença. “Quanto mais publicarmos este tipo de método, mais pessoas podem reproduzi-lo e estudá-lo, tornando-o cada vez mais acessível a diversas comunidades”, ressaltou a doutoranda.
O método
A análise de DSS funciona através de um tipo de papel filtro, comumente usado em outras técnicas laboratoriais como exames de sangue e urina. No trabalho, foram utilizados os soros dos pacientes, que, após serem colocados no papel e aguardado o tempo de espera, foram enviados para o laboratório do Instituto Adolf Lutz, onde foi possível realizar o sequenciamento genético.
A próxima etapa consiste em analisar a sequência genética e identificar os possíveis aminoácidos de resistência, que guiarão para o tratamento mais adequado. Todo processo dura em média uma semana.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Universidade Federal de Uberlândia.
Fonte: Gabriel Reis, Portal Comunica UFU. Imagem: testes no Laboratório de Virologia da UFU. Fonte: Milton Santos, Dirco/UFU.
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