Notícia

Método inovador e sensível à luz melhora entrega de moléculas em doenças da pele

Nova formulação pretende entregar  RNA não-codificante de maneira mais eficiente

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Fonte

Universidade de Coimbra

Data

segunda-feira, 20 janeiro 2020 14:30

Áreas

Dermatologia. Desenvolvimento de Fármacos.

Um grupo de pesquisadores do Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra (CNC-UC) elaborou uma formulação inovadora para a entrega de moléculas que poderá ser bastante útil para o tratamento de lesões agudas da pele.

Nos últimos anos têm surgido diversas estratégias de entrega de fármacos utilizando sequências de RNA não-codificantes – pequenas sequências do código genético humano com papel regulador no organismo – para o tratamento de várias doenças da pele. No entanto, estas estratégias têm tido grandes dificuldades, com relação ao carácter sensível destas moléculas e à dificuldade de entrada nas células da nossa pele.

“Nós pretendíamos desenvolver uma formulação que conseguisse entregar os RNA não-codificantes de maneira mais eficiente. Há uma vasta classe de novas terapias que não têm resultado: primeiro, existem enzimas na nossa pele que degradam material genético externo; segundo, moléculas tão grandes como esta têm dificuldade em entrar nas células da pele, e para atuarem têm de ser integradas nas células. É preciso uma ferramenta para tornar esta entrega possível”, explicou a Dra. Josephine Blersch, pesquisadora do CNC-UC e primeira autora do estudo.

“Outras formulações já aprovadas apresentam grande toxicidade e uma resposta imunológica forte. Portanto, é necessário que a ferramenta seja de rápida absorção e eficácia, sem provocar respostas indesejadas. Deste modo, decidimos desenvolver uma formulação cuja ação fosse sensível à luz, que permite controle sobre localidade e tempo da entrega do seu princípio ativo”, ressaltou a pesquisadora.

O estudo, publicado na revista científica Angewandte Chemie International, demonstrou o desenvolvimento de uma plataforma inovadora para a entrega destas sequências, que funciona melhor do que as atualmente existentes no mercado, para aplicação em doenças da pele. Para isso, os pesquisadores procuraram formulações baseadas em nanopartículas que fossem biodegradáveis, orgânicas e que causassem nenhuma ou pouca toxicidade. Nesse sentido, começaram com o desenvolvimento de uma biblioteca de nanopartículas que contassem com estas características, e que fossem ativáveis pela luz, ou seja, que libertassem o material que transportavam dentro das células, antes de serem expulsas pelas mesmas.

“Em primeira instância procuramos desenvolver uma biblioteca de nanopartículas com diversidade físico-química. EM seguida queríamos filtrar as melhores formulações, utilizando microscopia automatizada, algoritmos de machine-learning, entre outros métodos do processamento em alto rendimento”, acrescentou o Dr. Vítor Francisco, também pesquisador do CNC e autor do estudo.

«Identificamos cerca de 160 formulações, cuja ação fosse controlável pela luz. Observamos que 6 destas formulações eram bastante mais rápidas e eficientes que grande parte das formulações comercialmente disponíveis”, relata o especialista.

Inicialmente, os pesquisadores testaram estas diferentes formulações em células da pele, e observaram uma rápida entrada e entrega da molécula de RNA após estimulação com luz. Em seguida, com um RNA de princípio ativo inovador, observaram que, em modelos animais com lesões agudas na pele, acontecia uma aceleração da cicatrização, comparando com os animais controle. Futuramente, o grupo de pesquisa quer testar estas mesmas formulações em outros contextos de lesões de pele mais graves.

Este material “apresentou-se bastante promissor na aplicação local na pele, ou noutros tecidos em que seja possível estimular com luz azul. Este tipo de formulações poderá ser bastante útil para o tratamento de lesões graves da pele, associadas a outro tipo de doenças com grande prevalência a nível mundial, como a diabetes do tipo II, psoríase, ou outras doenças do foro inflamatório. Gostaríamos de testar em modelos animais destas doenças”, afirmou a Dra. Josephine.

«Com este estudo pretendíamos desenvolver formulações que consigamos controlar de modo a diminuir possíveis efeitos colaterais e que simultaneamente aumentem a eficácia intracelular do RNA libertado. É a grande vantagem deste sistema, [pois] não só liberamos o seu conteúdo, mas também controlamos esta liberação. Poderá ter um grande impacto no futuro», concluiu o Dr. Vítor Francisco.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade de Coimbra.

Fonte: Cristina Pinto, com informações do CNC-UC. Imagem: Freepik.

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