Nova opção terapêutica é eficaz no combate às complicações cardíacas e renais do diabetes

Notícia

Nova opção terapêutica é eficaz no combate às complicações cardíacas e renais do diabetes

Pela primeira vez, estudo clínico revelou que o uso diário de tadalafil – medicamento atualmente usado para disfunção erétil – melhora situação cardíaca de pacientes homens diabéticos

Freepik

Fonte

Universidade de Roma Sapienza

Data

sábado, 25 junho 2022 11:30

Áreas

Biomedicina. Bioquímica. Cardiologia. Doenças Cardiológicas. Estudo Clínico. Farmacologia. Medicina de Precisão. Metabolismo. Patologia. Química Medicinal. Saúde Pública.

Homens e mulheres não respondem igualmente aos medicamentos. Embora as diferenças entre os dois sexos sejam bem reconhecidas em várias patologias, por exemplo nas cardiovasculares, durante anos os estudos clínicos negligenciaram esse aspecto também em termos de desenho de estudo, envolvendo principalmente pacientes do sexo masculino.

Pela primeira vez, um estudo randomizado e controlado por placebo foi projetado especificamente para estudar as diferenças de gênero em pacientes diabéticos com cardiomiopatia diabética em resposta ao tadalafil, um medicamento inicialmente testado como vasodilatador para combater certas doenças cardiovasculares e atualmente usado para combater a disfunção erétil.

Muitas vezes acontece em pesquisas científicas que um medicamento testado contra uma doença também é eficaz contra outras. Este tem sido o caso dos inibidores da fosfodiesterase tipo 5 (PDE5i). Por isso, a indicação dos PDE5i voltou-se para o campo andrológico, resultando no fim do interesse ‘comercial’ pela pesquisa cardiovascular.

No entanto, o grupo de pesquisa coordenado pelo Dr. Andrea Isidori, professor do Departamento de Medicina Experimental da Universidade de Roma Sapienza, na Itália, destacou os potenciais benefícios dos PDE5i também no tratamento das complicações do diabetes, identificando aqueles que poderiam se beneficiar dessa classe de medicamentos: homens com problemas microvasculares relacionados à patologia (disfunção erétil, cardiomiopatia, doença renal) e mulheres na menopausa com risco de doença renal, abrindo cenários interessantes sobre o papel do estrogênio na mediação dos efeitos das drogas no coração.

“A eficácia dos PDE5i no campo andrológico atraiu a atenção da comunidade médica a ponto de ignorar seu possível uso em mulheres. Por isso, insistimos em investigar outros alvos dessas drogas. Após demonstrar a eficácia dos PDE5i no remodelamento cardíaco em homens diabéticos, reunimos, por meio de uma metanálise, todas as evidências científicas, encontrando diferenças relacionadas ao sexo nas populações estudadas. Mais tarde, descobrimos que os rins também podem ser alvos dos PDE5i. Hoje, com este novo trabalho, finalmente demonstramos como os efeitos dos PDE5i são específicos do sexo e do tecido, revelando o considerável potencial dessas drogas, especialmente no campo da medicina de precisão”, explicou o professor Andrea Isidori.

O estudo nasceu da colaboração entre os Departamentos de Medicina Experimental, de Ciências Clínicas Internas, Anestésicas e Cardiovasculares, de Medicina Translacional e de Precisão, de Ciências Radiológicas, Oncológicas e Patológicas da Universidade de Roma Sapienza e o IRCCS Neuromed de Pozzilli, o campus biomédico da Universidade de Roma Sapienza, o Hospital Fatebenefratelli e a Universidade de Cagliari, todas instituições na Itália. Os resultados foram publicados na revista científica Science Translational Medicine.

Utilizando uma abordagem multidimensional, que explorou a ressonância magnética cardíaca, a imagem vascular renal, o perfil imunológico e os vários padrões moleculares analisados ​​por PCR digital, os autores estudaram cada componente entre os muitos alvos possíveis dos PDE5i.

“Temos certeza que a falta de estrogênio é a razão pela qual as mulheres não têm conseguido a melhora cardíaca observada nos homens. As empresas farmacêuticas devem considerar que as mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa podem responder de forma diferente aos medicamentos e, portanto, devem ser adequadamente representadas em estudos clínicos”, destacou o Dr. Andrea Isidori.

É importante ressaltar que esses resultados foram alcançados diante de efeitos colaterais insignificantes, com um medicamento muito barato e sem patente. De qualquer forma, é sempre necessária a prescrição de uma equipe médica que possa monitorar os potenciais efeitos adversos dessa classe de medicamentos e principalmente a interação com outros medicamentos.

“A prescrição de uma terapia medicamentosa deve levar em consideração o sexo, a menopausa, o estágio da doença, as terapias medicamentosas concomitantes e, por que não, também o custo da terapia. Esta pesquisa mostrou que os PDE5i são uma classe de medicamentos segura e bem tolerada, da qual não devemos ter medo, além de serem baratos e com efeitos benéficos ainda hoje subestimados”, explicaram o Dr. Riccardo Pofi e a Dra. Elisa Giannetta, primeiros autores do estudo e pesquisadores do Departamento de Medicina Experimental da Universidade de Roma Sapienza.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade de Roma Sapienza (em italiano).

Fonte: Universidade de Roma Sapienza. Imagem: Freepik.

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