Notícia

O poder cicatrizante da quixaba

Composto retirado das folhas da planta apresentou efeito antioxidante, anti-inflamatório e cicatrizante em estudo in vitro e em queimaduras superficiais em camundongos

Pedro Everson de Aquino

Fonte

Agência UFC

Data

quarta-feira, 29 maio 2019 14:45

Áreas

Farmacologia. Farmacognosia. Fitoterapia.

Estudar uma planta para conhecer seu poder cicatrizante e, ao mesmo tempo, ajudar a protegê-la do risco de extinção. A Sideroxylon obtusifolium, popularmente conhecida como quixaba, é uma árvore nativa do semiárido brasileiro, muito usada em doenças inflamatórias na medicina popular. Pesquisa desenvolvida no Laboratório de Farmacologia Bioquímica da Universidade Federal do Ceará (UFC) acaba de dar um passo adiante na validação do uso de suas folhas para indicações terapêuticas semelhantes às da casca e entrecasca, mais especificamente em queimaduras, com resultados promissores.

“Nós queríamos investigar algo comum na sociedade, que são as queimaduras, um agravo à saúde muito sério no âmbito do SUS”, explica a Dra. Tamiris Goebel, que acaba de concluir o doutorado neste tema, com a orientação da professora Dra. Nylane Nunes, do Programa de Pós-Graduação em Farmacologia. O diferencial da pesquisa é investigar a aplicação do composto extraído das folhas da quixaba (a chamada fração metanólica ou DFSO-M) nesses processos inflamatórios mais agudos, que podem ser agravados se não forem amenizados no início. A fração, de acordo com a pesquisadora, atenua a inflamação promovendo uma cicatrização do ferimento mais adequada. O trabalho foi realizado no Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos (NPDM) da UFC.

Testes

O primeiro passo da pesquisa foi a investigação em protocolos in vitro (cultivo celular em ambiente controlado em laboratório) em células isoladas, presentes na pele, permitindo simular um processo de cicatrização. Depois de uma triagem, aplicou-se o composto em macrófagos (responsáveis pela defesa do organismo contra infecções e processos inflamatórios) e fibroblastos (atuantes na regeneração) oriundos de camundongos. O teste também aconteceu em queratinócitos humanos. “Nós tivemos excelentes resultados nos queratinócitos, pois essa fração estimulou a reepitelização, a partir da multiplicação e migração dessas células, indispensáveis à reconstrução da barreira de proteção da pele contra as agressões do meio ambiente a fim de proteger o ferimento”, explica a Dra. Tamiris.

Em seguida, realizou-se um modelo experimental de queimadura superficial em camundongos, a chamada parte pré-clínica da cadeia de produção de medicamentos. Nesse tecido, o composto, aplicado em forma de creme dermatológico, apresentou efeito modulador, ou seja, atenuante da inflamação, estimulando uma cicatrização mais eficiente e mais rápida e impedindo o agravamento da queimadura. A sulfadiazina de prata, um antibiótico de referência do SUS para tratamento de queimaduras, foi usada como grupo de controle para avaliar o efeito do composto. Esse antimicrobiano, apesar da facilidade do acesso, pode causar resistência bacteriana, baixa penetração e atraso na cicatrização da lesão. “O resultado obtido com a fração foi benéfico. No entanto, mais estudos devem ser realizados, como a investigação de seu efeito antibacteriano e antifúngico, que pode ser ainda mais favorável para a aplicação em queimaduras”, enfatiza a Dra. Tamiris.

A pesquisadora ressalta que os protocolos de pesquisa com animais receberam aprovação da Comissão de Ética no Uso de Animais da UFC, e os cremes dermatológicos foram produzidos por uma farmácia de manipulação veterinária de acordo com as Boas Práticas de Manipulação.

O estudo contou com a colaboração do Laboratório de Análise Fitoquímica de Plantas Medicinais, do Departamento de Química Orgânica e Inorgânica da UFC, através do professor Dr. Edilberto Silveira, que forneceu a fração metanólica das folhas da planta. “Ele extraiu, fez todo o processo de fracionamento e conseguiu identificar um aminoácido, que é derivado da L-Prolina, precursor de fibras de colágeno, o NMP”, detalha a pesquisadora. Dessa maneira, buscou-se investigar seu potencial cicatrizante, primeiro, em feridas abertas (as chamadas lesões excisionais) induzidas em camundongos, em parceria com o Laboratório de Neurofarmacologia, através da professora Dra. Glauce Viana e um de seus alunos, Pedro Everson de Aquino.

Acesse a notícia completa na página da Agência UFC.

Fonte: Síria Mapurunga. Imagem: Pedro Everson de Aquino.

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