Notícia

Pesquisa avalia uso de plantas medicinais no tratamento das leishmanioses

Dados obtidos podem servir de base para o desenvolvimento de novas opções terapêuticas

Pedro Ivon

Fonte

UFAL | Universidade Federal de Alagoas

Data

quinta-feira, 18 julho 2019 16:50

Áreas

Desenvolvimento de Fármacos. Fitoterapia. Doenças Negligenciadas.

Doenças em muitos casos negligenciadas, tratadas com medicamentos que causam fortes reações ao paciente, motivaram a pesquisa dos estudantes do curso de Farmácia da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Alisson Alcantara Alves e Lilyana Waleska Nunes Albuquerque. Bolsistas de iniciação científica do Laboratório de Farmacologia e Imunidade (Lafi), em 2017, após acompanhamento bibliográfico da leishmaniose, eles começaram a avaliar plantas de uso popular que poderiam combater a atividade dessa doença infecciosa.

Alisson Alves explica que “o objetivo do trabalho foi estudar o efeito leishmanicida de plantas medicinais e fitoterápicas que são de interesse do Sistema Único de Saúde [SUS]”. O estudante relata que, “inicialmente, foi feito o ensaio de citotoxicidade que avalia se os produtos naturais são prejudiciais às células que hospedam a Leishmania, os macrófagos”. Na etapa seguinte do estudo, continua o pesquisador, “foi observado a taxa de infecção e a multiplicação dos parasitos no interior dos seus hospedeiros, os macrófagos quando expostos aos extratos naturais, além de identificar se o possível efeito dos produtos naturais era seletivo apenas para os parasitos, sem que houvesse dano aos macrófagos”. Por último, continua, “foi realizado um ensaio para identificar se os produtos naturais conseguiam induzir a produção de óxido nítrico em culturas de macrófagos infectados com Leishmania. O óxido nítrico é uma molécula determinante na atuação dos macrófagos na defesa contra a doença, apresentando, assim, atividade antiparasitária”.

Quebra-pedra, hortelã-pimenta, camomila, espinheira-santa, jamelão, aroeira-vermelha, amoreira-branca, assa peixe, alcachofra, maracujá doce, barbatimão e cavalinha foram as plantas medicinais avaliadas pelos bolsistas de iniciação científica, sob orientação das professoras Dra. Aline Cavalcanti de Queiroz, doutora em Biotecnologia, e Dra. Magna Suzana Alexandre Moreira, doutora em Ciências – Microbiologia. “As plantas estão em estudos por já apresentarem outras atividades, como a antibacteriana, antifúngica, entre outras. Elas não são recomendadas pelo SUS para o tratamento das leishmanioses, mas estão disponíveis na Lista Renisus [Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao Sistema Único de Saúde] com a finalidade de orientar e incentivar pesquisas e estudos”, esclarece Alisson.

Ao apontar os resultados, a dupla de pesquisadores afirma que “as plantas estudadas não apresentaram efeitos tóxicos aos macrófagos, preservando, assim, a célula de defesa do nosso corpo”. Ainda de acordo com os bolsistas, “a cavalinha e o barbatimão apresentaram um efeito significante na diminuição da taxa de infecção e multiplicação dos parasitos. E, além disso, quebra-pedra, hortelã, camomila e espinheira-santa induziram o aumento de óxido nítrico nas culturas de macrófagos infectados com os parasitos”.

Para embasar a análise feita e os dados obtidos em laboratório, Alisson esclarece que “a célula humana, chamada de macrófago, é a hospedeira do parasito Leishmania. No ciclo do parasito, no nosso corpo, o macrófago capta a Leishmania e esse parasito se multiplica. Com o aumento da quantidade de Leishmania, a célula de defesa explode, infectando as outras e diminuindo a função de proteção. O aumento do óxido nítrico ajuda a própria célula a eliminar o parasito, combatendo a doença”, diz.

Os estudantes destacam que, com essas informações, “além de dar suporte à pesquisa de produtos naturais ativos contra parasitos de Leishmania, expandindo a busca por novas opções terapêuticas para o tratamento, o estudo possibilita atender as necessidades que cercam a problemática das doenças negligenciadas, que muitas vezes são esquecidas também no ambiente de pesquisa, principalmente, no que diz respeito ao tratamento farmacológico, que para a indústria farmacêutica é considerada pouco rentável”. Alisson afirma que “os resultados iniciais constituem o primeiro passo para um trabalho maior, pois pode viabilizar estudos fitoquímicos e biológicos para o isolamento e identificação de novos esqueletos moleculares que possam servir na concepção de moléculas ativas”.

Os pesquisadores também apontam que “os medicamentos utilizados na prática clínica para leishmaniose possuem altas taxas de toxicidade, e isto leva o paciente a desenvolver reações adversas graves, podendo causar a morte, além disso, são caros e induzem a resistências dos parasitos”. Com isto, continua, “surge a motivação de testar o efeito de plantas medicinais sobre os parasitos da leishmaniose, pois pode constituir um recurso economicamente acessível, servindo de base para o desenvolvimento de novos medicamentos na pesquisa farmacológica. O estudo com plantas medicinais possibilita explorar recursos naturais, que são extremamente abundantes no Brasil devido à sua biodiversidade”, defendem.

O trabalho de autoria dos estudantes Alisson Alcantara Alves e Lilyana Waleska Nunes Albuquerque, que tem como título Estudo da atividade leishmanicida de plantas medicinais de interesse ao Sistema Único de Saúde, foi selecionado para ser apresentado na 71ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que ocorrerá no período de 21 a 27 de julho de 2019, na cidade de Campo Grande/MS.

Acesse a notícia completa na página da UFAL.

Fonte: Thâmara Gonzaga, UFAL. Imagem: Lilyana Waleska Nunes Albuquerque. Fonte: Pedro Ivon.

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