Notícia
Pesquisadoras da UFG desenvolvem partícula que reverte overdose por cocaína
Formulação captura droga em circulação no organismo mesmo em quantidade letal
Pedro Gabriel, UFG
Fonte
UFG | Universidade Federal de Goiás
Data
sexta-feira, 10 maio 2019 15:00
Áreas
Desenvolvimento de Fármacos. Farmacologia. Nanotecnologia.
Uma pesquisa realizada na Universidade Federal de Goiás (UFG) desenvolveu uma partícula capaz de capturar a cocaína em circulação no sangue de um organismo vivo. A formulação se mostrou eficiente até mesmo em doses letais da droga, o que significa que ela consegue reverter um quadro de overdose que levaria à morte. É a primeira vez que uma partícula produzida a partir de nanotecnologia é utilizada com essa finalidade.
O trabalho foi desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da UFG pela pesquisadora Sarah Rodrigues Fernandes, sob orientação da professora Dra. Eliana Martins Lima. Elas explicam que os testes feitos em laboratório indicaram uma capacidade de captura da cocaína do organismo de cobaias de cerca de 70%, revertendo rapidamente os sintomas típicos de uma overdose, como a hipertensão arterial, que levaria à morte por insuficiência cardíaca. “A pressão arterial e os batimentos cardíacos começam a voltar ao normal cerca de dois minutos após a administração da nanopartícula que desenvolvemos”, detalha Sarah.
A pesquisa, realizada com animais de laboratório, abre perspectivas de aplicação em seres humanos. “A partir de um desenho experimental detalhado, chegamos a uma partícula ideal com resultados comprovados”, afirma a pesquisadora. Com a possibilidade de aplicação para outros tipos de droga, elas avaliam que, futuramente, a formulação pode servir como uma plataforma para a desintoxicação.
A formulação também foi comparada com o produto que é usado atualmente em casos de intoxicação, tendo apresentado resultado surpreendentemente superior. “Desenvolvemos uma terapia de resgate, rápida, extremamente eficaz e inédita na literatura mundial”, pontua a professora Eliana. O trabalho foi realizado com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg).
Saúde Pública
A produção global de cocaína atingiu seu nível mais alto em 2016, com cerca de 1,4 mil toneladas – um aumento de 25% em relação a 2015. Os dados são do Relatório Mundial sobre Drogas, do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes. O levantamento também revela que cerca de 37% das mortes relacionadas ao consumo de drogas ocorrem por overdose.
“Estamos diante de um problema social e de saúde pública que envolve o uso abusivo de drogas com função recreativa”, observa a professora Eliana. Além disso, essas substâncias levam a um alto nível de tolerância, ou seja, o organismo começa a precisar de doses cada vez maiores para que sejam gerados os mesmos efeitos. “Mas para o efeito tóxico não há tolerância, por isso o risco da overdose”.
O impacto social foi um dos objetivos da pesquisa. “Trabalhamos justamente para que os resultados deste trabalho possam ser aplicados na sociedade”, assinala Sarah. Farmacêutica formada pela UFG e participante do Programa de Iniciação Científica na graduação, a pesquisadora pretende dar continuidade aos estudos no doutorado.
FarmaTec
A nanotecnologia farmacêutica é uma das frentes de atuação do Centro de Pesquisa, Desenvolvimento Tecnológico e Inovação em Fármacos, Medicamentos e Cosméticos da UFG – o FarmaTec. O laboratório também trabalha com o desenvolvimento e a caracterização de formulações farmacêuticas e a avaliação biológica de eficácia e segurança de insumos e produtos farmacêuticos.
Trata-se de um dos laboratórios mais produtivos da UFG em termos de publicações científicas de impacto internacional e na formação de mestres e doutores. Em breve, o FarmaTec ocupará um prédio no Parque Tecnológico Samambaia, no Campus Samambaia. “Não tenho dúvida que a UFG terá um dos melhores laboratório temáticos do país”, afirma Eliana.
Assista ao vídeo sobre aplicações da Nanotecnologia Farmacêutica, produzido pelo Viver Ciência, da TV UFG:
Acesse a notícia completa na página do Jornal da UFG.
Fonte: Luiz Felipe Fernandes, Jornal UFG. Imagem: Pedro Gabriel, UFG.
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