Notícia
Pesquisadores descobrem como restringir o crescimento e disseminação de cânceres de cabeça e pescoço
Pesquisa em modelos de camundongos tem como alvo novo ‘check-point’ que permite que células-tronco cancerosas escapem do sistema imunológico
Divulgação, Universidade da Califórnia em Los Angeles
Fonte
Universidade da Califórnia em Los Angeles
Data
terça-feira, 4 maio 2021 07:25
Áreas
Biologia Celular e Molecular. Células-tronco. Oncologia.
Pesquisadores da Faculdade de Odontologia da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), nos Estados Unidos, descobriram uma molécula-chave que permite que as células-tronco cancerosas contornem as defesas imunológicas naturais do corpo, estimulando o crescimento e a disseminação de cânceres de células escamosas de cabeça e pescoço. O estudo, conduzido em camundongos, também demonstra que a inibição dessa molécula atrapalha a progressão do câncer e ajuda a eliminar essas células-tronco.
Publicados na revista científica Stem Cell, os resultados podem ajudar a desenvolver tratamentos direcionados mais eficazes para este tipo de câncer altamente invasivo, que é caracterizado por resistência frequente a terapias, metástases rápidas e alta taxa de mortalidade.
As células-tronco cancerosas, também conhecidas como células iniciadoras de tumor, são consideradas a fonte original de tecidos cancerosos – as células que dão origem a todas as outras células cancerosas. Sua capacidade de sobreviver e proliferar nos estágios iniciais do desenvolvimento do câncer, bem como durante o crescimento do tumor e metástase, sugere que elas têm uma capacidade intrínseca de evadir a detecção pelo sistema de vigilância imunológica do corpo. Os pesquisadores se propuseram a entender melhor como e por que isso acontece.
Quando o sistema imunológico está funcionando corretamente, as células T naturais do corpo que lutam contra infecções ajudam a identificar e evitar células cancerígenas, vírus estranhos e outros invasores. No entanto, sabe-se que algumas células cancerosas evitam esta resposta imune por meio de moléculas de proteína em sua superfície conhecidas como check-points – os ‘pontos de controle’ – que se ligam a moléculas semelhantes nas células T, essencialmente anulando a capacidade das células imunes de neutralizar o câncer.
Para ajudar a corrigir isso, medicamentos de imunoterapia chamados inibidores de checkpoint podem ser administrados; essas drogas desligam os receptores de checkpoint das células cancerosas, permitindo que as células T realizem seu trabalho normal. Em vários tipos de câncer, incluindo melanoma e câncer de pulmão de células não pequenas, essa abordagem tem se mostrado eficaz, diminuindo o tamanho dos tumores e retardando sua disseminação. No entanto, os resultados para carcinomas de células escamosas de cabeça e pescoço foram confusos, indicando que algo mais pode estar ocorrendo que silencia a resposta do sistema imunológico.
Para começar o estudo, os pesquisadores testaram um inibidor de checkpoint comum que usa anticorpos anti-PD1 em um modelo de camundongo bem definido de carcinoma de células escamosas de cabeça e pescoço. A droga, eles descobriram, fez muito pouco para retardar a propagação do câncer.
Ao mesmo tempo, eles descobriram que as células-tronco cancerosas em tumores de cabeça e pescoço tinham uma expressão notavelmente elevada do gene CD276, que codifica uma molécula de proteína na superfície celular. Eles também descobriram que a expressão de CD276 era mais alta ao longo das camadas externas dos tumores, sugerindo que a molécula de CD276 funciona como um ponto de controle que protege as células-tronco e as células no interior do tumor da resposta das células T do corpo ao câncer.
Semelhante ao uso de inibidores de checkpoint, os pesquisadores administraram anticorpos anti-CD276 a um modelo de camundongo com a doença para ver se esse tratamento poderia desligar o checkpoint e inibir o crescimento e disseminação do câncer. Depois de um mês, eles testemunharam uma diminuição significativa no número de lesões cancerígenas e células-tronco cancerosas.
“Não só vimos uma redução nas células-tronco cancerosas e tumores em nosso modelo quando introduzimos os anticorpos CD276, mas também notamos que o número total de tumores que metastatizaram para os nódulos linfáticos foi significativamente reduzido. Fomos capazes de mostrar que, ao bloquear o gene CD276, poderíamos efetivamente interromper o crescimento de tumores derivados de células-tronco cancerosas”, disse o Dr. Cun-Yu Wang, autor correspondente do estudo e professor de Biologia Oral e Medicina da UCLA.
“Essas descobertas sugerem que, ao focar nossa atenção no gene CD276 e no processo de resposta imunológica, existe o potencial para abordagens terapêuticas preventivas promissoras contra carcinomas de células escamosas de cabeça e pescoço”, concluiu o Dr. Paul Krebsbach, diretor da Faculdade de Odontologia da UCLA e coautor do estudo.
Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da UCLA (em inglês).
Fonte: Brianna Aldrich, Universidade da Califórnia em Los Angeles. Imagem: As células-tronco do câncer de cabeça e pescoço (vermelhas) que expressam o gene CD276 (em verde) são encontradas em altas proporções na periferia das massas tumorais; o CD276 fornece proteção contra as células T que lutam contra o câncer para células-tronco e células tumorais internas (em azul). Fonte: Divulgação, Universidade da Califórnia em Los Angeles.
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