Notícia

Pesquisadores descobrem novos detalhes da primeira linha de defesa do cérebro

Pesquisadores relatam em detalhes sem precedentes como algumas das células imunológicas do cérebro se desenvolvem e como distingui-las de outras células

Divulgação, Universidade Kyushu

Fonte

Universidade Kyushu

Data

terça-feira, 24 maio 2022 15:50

Áreas

Biologia. Doenças Neurológicas. Fisiologia. Microbiologia. Neurociências.

Graças a mais de um século de neurociência moderna, aconteceram avanços significativos na compreensão do cérebro. No entanto, o cérebro ainda é um órgão incrivelmente complexo e pouco conhecido, em vários aspectos.

Recentemente, pesquisadores da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade  Kyushu, no Japão, analisaram com detalhes sem precedentes o desenvolvimento e o perfil genético de um conjunto de células que constroem o sistema imunológico do cérebro. As novas descobertas, publicadas na revista científica Nature, podem abrir caminho para uma melhor compreensão das origens e mecanismos por trás das principais patologias relacionadas ao cérebro, como a doença de Alzheimer e a esclerose múltipla.

“Muitas pessoas estão familiarizadas com a forma como os neurônios se conectam para enviar sinais através do cérebro, mas também existem vasos sanguíneos que fornecem oxigênio ao cérebro e células gliais que atuam como rede de suporte do cérebro e sistema imunológico”, explicou o Dr. Takahiro Masuda, que liderou o estudo. “Na verdade, mesmo as estimativas mais generosas sugerem que apenas cerca de metade das células em nossos cérebros são neurônios, então estudar as outras células é igualmente vital para descobrir como o cérebro funciona”.

Com isso em mente, a equipe de pesquisa tem se concentrado em uma série de células chamadas ‘macrófagos associados ao sistema nervoso central‘, um tipo de células imunes que protegem o cérebro de infecções. Acredita-se que esses macrófagos estejam envolvidos em quase todas as doenças neurodegenerativas conhecidas devido ao seu papel crítico como células imunes do cérebro.

Ao longo dos anos, a pesquisa mostrou que existem muitos tipos diferentes dessas células. Para este estudo, a equipe estava particularmente interessada nos macrófagos que cercam os vasos sanguíneos e aqueles localizados nas meninges – as camadas que envolvem o cérebro – conhecidos como ‘macrófagos perivasculares’ e ‘macrófagos meníngeos’, respectivamente.

“Até agora, essas células não eram diferenciadas de outras células imunes, e como e onde essas células críticas se desenvolvem era significativamente pouco estudado. Então, investigamos características fundamentais dessas células, como distingui-las de outras células do cérebro, suas localizações exatas, como se desenvolvem, que tipo de genes expressam e como interagem com outras células”, continuou o professor Takahiro Masuda.

Esses macrófagos, juntamente com outras células imunes do cérebro chamadas micróglia, originam-se de fora do embrião em uma área conhecida como ‘saco vitelino’. À medida que o organismo se desenvolve, as células migram do saco vitelino para o cérebro. Usando uma técnica chamada ‘fate-mapping’, a equipe rastreou com precisão onde essas células acabaram e discerniu o que as leva a se tornarem macrófagos perivasculares e macrófagos meníngeos.

“Descobrimos que os macrófagos meníngeos se desenvolvem da mesma forma que outras micróglias e são formados durante a gestação. Os macrófagos perivasculares, por outro lado, na verdade começam a se formar após o nascimento e se originam dos macrófagos meníngeos. Isso foi muito inesperado”, afirmou o professor Masuda.

Por meio da pesquisa, a equipe também conseguiu identificar os genes específicos que levam à geração de macrófagos meníngeos e perivasculares. “A identificação desses genes nos permitirá finalmente distinguir macrófagos meníngeos e perivasculares de outras micróglias. Agora que podemos estudá-los individualmente, podendo ter uma visão mais clara de suas funções”, ressaltou o pesquisador.

Espera-se que essas descobertas abram novos caminhos de compreensão sobre o papel dessas células no cérebro.

“Agora que sabemos que são distintas, o próximo passo é descobrir suas funções. À medida que seus mecanismos são revelados, esperamos entender seu papel em patologias como Alzheimer, transtorno do espectro autista e esclerose múltipla”, concluiu o professor Takahiro Masuda.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade Kyushu (em inglês).

Fonte: Universidade Kyushu. Imagem: macrófagos associados ao sistema nervoso central no cérebro. Macrófagos perivasculares (em laranja) ao redor de uma veia no cérebro (em cinza). A micróglia (em verde) ocupa o espaço circundante, como as outras células do sistema imunológico do cérebro. Fonte: Divulgação, Universidade Kyushu.

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