Notícia
Processo otimiza extração de compostos bioativos de resíduos agrícolas para produtos cosméticos e alimentícios
Invenção desenvolvida na Unicamp obtém teobromina e cafeína de cascas de amêndoas de cacau utilizando mel de abelhas sem ferrão como solvente: método alternativo é mais seguro à saúde e ao ambiente
Wilfredor via Wikimedia Commons
Fonte
Agência FAPESP
Data
domingo, 9 junho 2024 14:10
Áreas
Alimentos. Biotecnologia. Cosmética. Dermatologia. Gestão de Resíduos. Produtos Naturais. Química Medicinal. Química Verde.
Processo inovador desenvolvido por cientistas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) utiliza mel de abelhas sem ferrão para extrair com mais eficiência das cascas das amêndoas de cacau teobromina e cafeína – dois compostos que podem ser aplicados em produtos alimentícios e cosméticos.
Essas cascas são particularmente ricas em teobromina e cafeína, no entanto, os métodos convencionais de extração frequentemente envolvem o uso de solventes que podem ser prejudiciais à saúde e ao ambiente, além de serem, geralmente, complexos e demorados.
A invenção foi liderada pelo Dr. Felipe Sanchez Bragagnolo, que tem como hobby a criação de abelhas sem ferrão (Melipona quadrifasciata ou mandaçaia), prática conhecida como meliponicultura. O trabalho, que faz parte do projeto de pós-doutorado do pesquisador, contou com a colaboração da Dra. Monique Martins Strieder e do Dr. Leonardo Mendes de Souza Mesquita, com a supervisão do professor Dr. Maurício Ariel Rostagno.
A inovação proposta oferece um método de extração assistida por ultrassom de alta intensidade e utiliza mel de mandaçaia como solvente natural. Essa abordagem não apenas elimina o uso de solventes orgânicos prejudiciais, mas também simplifica o processo de extração, reduzindo o tempo necessário e tornando-o mais sustentável”, explicou o professor Maurício Rostagno, agrônomo formado pela Universidade Federal de Lavras (UFLA) e inventor de 17 patentes.
Resíduos valiosos
Os resíduos agrícolas têm sido cada vez mais reconhecidos como fontes valiosas de compostos de interesse. A teobromina, estimulante do sistema nervoso central, é o principal composto presente no cacau, com ação semelhante (embora mais suave) à da cafeína.
“Tradicionalmente esses resíduos são descartados ou subutilizados. Ao extrair esses compostos não só reduzimos o volume de resíduos agrícolas, mas também promovemos a economia circular e mitigamos o impacto ambiental do desperdício”, disse o Dr. Maurício Rstagno, que é professor da Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA-Unicamp), no campus Limeira. Ele atua na área de tecnologia, composição e análise de alimentos, no Laboratório Multidisciplinar em Alimentos e Saúde (LabMAS).
Um dos princípios da chamada Química Verde é eliminar solventes tóxicos e contaminantes de processos e produtos. “Apesar de o uso de solventes como metanol, acetona e hexano ser permitido, ainda ficam resíduos no alimento que podem ser prejudiciais à saúde e devem ser evitados. Não só tendo em vista o consumidor, mas também o pessoal técnico responsável pelo processo de extração, sujeito à exposição por contato ou vapores”, explicou o professor.
O mel de abelhas sem ferrão, além de ser um solvente natural, apresenta uma série de benefícios à saúde, como propriedades antibacterianas, antioxidantes e nutritivas. Assim, segundo o inventor, sua utilização como solvente não apenas torna o processo mais sustentável, mas também enriquece o produto final com um potencial único de utilização em uma variedade de produtos. “Pode ser incorporado em formulações cosméticas, aproveitando suas propriedades para promover a saúde da pele e do cabelo”, exemplificou o pesquisador. Também pode ser utilizado como ingrediente em produtos nutracêuticos, fornecendo um impulso natural de energia.
Ao utilizar a técnica de extração assistida por ultrassom em conjunto com o mel de abelhas sem ferrão, a eficiência do processo é amplificada, resultando em extrações mais rápidas e com maior rendimento de teobromina e cafeína: “Além disso, o extrato final não requer secagem, simplificando ainda mais o processo”.
Acesse a notícia completa na página da Agência FAPESP.
Fonte: Ricardo Muniz, Agência FAPESP. Imagem: Wilfredor via Wikimedia Commons.
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